Quem sou eu

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Nasci em Floripa, vivo em Miami e sou apaixonada pela África. Adoro viajar e explorar novas culturas. Tenho especial interesse pelas diferenças. Este é o meu caderno de 'viagens' aberto ao publico. Seja bem-vindo (a)!

15.10.07

Cara no poste

Caminhava pela rua quando,
de repente, ao meu lado, um moço bate com a cara no poste.
Plaft!
E deixa a bengala cair.
Eu e pessoa que vinha no sentido contrário, prontamente, o ajudamos a se refazer.
Segurei-o pelo braço enquanto um terceiro juntava a bengala.
Eis que, para nossa surpresa, ao agradecer, ele disparou: “obrigada e desculpa aí, estou meio cego!” (na verdade, ele era totalmente cego).
E soltou uma gargalhada simpática.
Não tive outra opção se não rir também, afinal, o senso de humor, além de admirável (ainda mais quando quebra o constrangimento) é também contagiante.
E saímos, os três, uma para cada lado, rindo do que poderia ter sido trágico.

12.9.07

Diário de bordo: Fortaleza (a terra do sol)


Cheguei à Fortaleza cheia de expectativas, afinal, o nordeste é a terra do sol e eu já estava cansada de bater o queixo no inverno aqui do sul. Mas minha primeira constatação, logo que cheguei à cidade, foi um tanto infeliz: a quarta mais populosa capital do país parece ter sido abandonada pela atual administração pública.

Para se ter uma idéia, os cruzamentos das principais ruas à beira mar, por onde circulam turistas e famílias fortalezenses, hoje são pontos de prostituição, que ali se estabelecem imunes a qualquer rigor. As pichações cobrem os prédios e nada escapa à audácia das gangues, que decoram livremente a cidade de preto. A miséria toma conta do subúrbio, onde é possível ver um contingente de desempregados - faltam oportunidades e sobra conformismo.

O excesso de dejetos plásticos nas praias demonstra despreocupação com a questão ambiental. E nem tem como ser diferente (apesar da beleza natural ser justamente o atrativo turístico). Numa região onde não se investe em educação, onde as políticas sociais são falhas e a administração pública é incoerente, não é possível exigir que a população preserve o patrimônio coletivo. Pois onde não há educação, não há consciência. Faltam políticas sociais sérias e comprometidas, faltam campanhas efetivas de conscientização. Falta vontade.

O respeito e a cordialidade no trânsito estão praticamente extintos. Nos quatro dias que circulei de carro, não vi ninguém ceder passagem, pelo contrário. Muitas regras, inclusive de boa educação, são ignoradas e todos parecem habituados ao desrespeito. O cearense não se apoquenta com nada, embora tenha motivos para isso.

A quantidade de construções estagnadas dá a impressão de que, de uns tempos para cá, a situação econômica da população decaiu. São inúmeras edificações pela metade, habitadas pelo matagal, dando a impressão, mais uma vez, que a cidade foi esquecida tanto pelos governantes quanto pelos próprios cidadãos.

Do lado bom fazem parte os preços, excelentes para uma capital. O custo de vida é razoável e come-se bem com pouco dinheiro. E, claro, as belezas naturais são um capítulo à parte. Algumas praias misturam dunas, mar e lagoas – por isso são procuradas por turistas do mundo todo para a prática de kite surf. O mar é verde e morno. O artesanato torna indispensável uma visita ao mercado municipal para a compra de rendas e utensílios de palha. O clima também é excelente.

Evidente que a minha visão é de alguém que nasceu e viveu em Florianópolis. E o sul do Brasil, em termos de qualidade de vida, não pode ser comparado ao nordeste, infelizmente.

Este registro objetiva contestar as políticas públicas cearenses e o comodismo da população diante da tragédia cotidiana. Deixei Fortaleza com a certeza de que para poder ostentar com orgulho o título de "a terra do sol" não basta apenas que o astro-rei continue brilhando lá no alto.

26.8.07

Precisa odiar?


Tenho a impressão de que as pessoas estão odiando mais. “Eu odeio leite, eu odeio ter que subir escada, eu odeio folhinha de orégano aparecendo na comida, eu odeio quando ele faz aquela cara”. Espanta constatar que o verbo odiar é conjugado com tanta falta de cuidado.

Como se não bastasse o ódio que propaga pelo mundo o preconceito, a guerra, a desunião e outras mazelas, a humanidade insiste em odiar também o que não tem a menor relevância, o que não precisa ser odiado. Aliás, tem algo que precisa? Se não gostou da roupa, não vista, se não gostou da comida, não coma, se não gostou da pessoa, fique na sua, oras! Por que sair por aí dizendo que odeia?

Pesquisas científicas comprovam - e as catástrofes mundiais evidenciam- que o ódio faz mal a quem sente. É um sentimento que cega, entorpece, afunda. O ódio nutre dentro da gente a raiva e o rancor, sentimentos que tiram as pessoas do controle e impedem a humanidade evoluir.

Que tal, no cotidiano, trocar o “odeio” pelo “não gosto”? Podemos silenciar o coro do ódio e extirpar do vocabulário esse verbo maligno. Seria gramaticalmente mais correto e socialmente mais saudável. Estou lançando a campanha: tire o ódio da sua vida e comece pelo vocabulário! Até porque - sem querer assustá-lo, nós somos o que pensamos.

Já temos ódio suficiente no planeta, transmitido de tiranos para seguidores, de fanáticos para fiéis, de mentes perversas para mentes vazias, sem que muitos parem e questionem o sentido e as conseqüências desse mal.
Você tem todo o direito de não gostar de alguma coisa, mas não precisa exagerar dizendo que odeia. Só para lembrar: existem também o "não gosto" e o "não aprecio".

15.8.07

Bicho é bicho


Acho questionável esse negócio de ter bicho de estimação. Sempre que vejo alguém passeando pela rua com seu cachorrinho peludo de coleira de strass, de certa forma, tenho pena do bichinho.

Muita gente opta por ter um animal em casa para suprir suas carências afetivas. E, de certa forma, resolve o problema, porque quando quer se distrair, dar uma volta na rua ou uma corrida na Beiramar, o bichinho está ali, prontinho para a batalha. Não diz que está cansado, não chora e nem resmunga. Fica todo faceiro abanando o rabinho! Mas, e as carências afetivas do bichinho? Muitos deles passam os dias inteiros em casa (os menores, em apartamento), sozinhos.

Muito cedo são tirados das mães, criados longe das famílias e da natureza, cada um em uma área de serviço diferente. E ganham caminhas estofadas, pratinhos decorados, ossos de brinquedo. E correm em tapetes persa, vão ao salão de beleza de 15 em 15 dias, vestem casaquinhos de tricô. Não à toa têm desenvolvido doenças psicossomáticas, como estresse e câncer.

Pobres gatos, tartarugas, passarinhos e peixinhos! Quantos peixinhos coloridos viraram brinquedo de criança e não duraram nem uma semana? Aí o pai vai lá e compra outro. Ele morre. O pai vai á e compra outro...

Acho anti-natural criar bicho de estimação como bebê, dar de presente para os filhos como se fosse mais um brinquedo entre tantos outros. Minha visão a esse respeito é bem simplista: bicho é para viver na natureza, no quintal, em companhia de outros bichos. Bicho é para ser criado como bicho.

19.7.07

Mania de complicar

Meu pai diz que viver é fácil, a gente é que complica. O ser humano é um bicho tão engraçado, que até quando pode (e deve) facilitar as coisas, acaba complicando, mesmo sem querer, por força da sua própria natureza.
Viver seria simples se compreendêssemos mais, perdoássemos mais e peneirássemos o essencial à vida, descartando as superficialidades. Mas processar os sentimentos e agir com equilíbrio é como andar na corda bamba, um exercício constante que requer muita prática. Muita gente não sabe que é capaz disso, mas é.

A gente se magoa por muito pouco, se estressa sem necessidade, sofre além da cota diária que nos é destinada. São raras as pessoas dotadas de equilíbrio emocional suficiente para encarar as situações (das mais felizes às mais trágicas) de forma plácida. Mas eu conheço algumas! E as admiro.
São pessoas munidas do que chamo de inteligência emocional. Sofrem, choram, sentem as perdas e as adversidades, como todo mundo, mas não esgotam seu estoque de esperança. Pelo menos, não se entregam às dificuldades e não superdimensionam os problemas. Saem, passeiam, viajam, trabalham, se dão chances, se permitem.

Meus pais me ensinaram uma grande lição a esse respeito. Confesso que o choque causado pela separação dos pais é inevitáveil, por mais que nós, filhos, sejamos bem crescidinhos. Nessa hora a gente se sente até meio criança, vendo um castelo se desmoronar. Separação desune e não tem jeito. Muitas vezes, quando eu sinto uma dor no coração pela falta de uma coisa que era muito importante para mim, olho para eles e vejo cada um tocando sua vida, se esforçando com dignidade. E logo penso: “se eles estão bem, por que eu não vou estar?”

Nessa horas me vejo complicando o que poderia ser fácil. Grandes rompimentos, fechamento de ciclos e profundas mudanças redirecionam a vida, mudam o foco e as prioridades. São chances (radicais, é verdade) que a vida nos dá de experimentar outras vivências, captar novas sensações, mudar pontos de vista e velhas opiniões. Meus pais estão aí, focando suas energias no trabalho e resgatando a individualidade perdida com o casamento. Realizando sonhos como ter uma moto, fazer uma viagem, aprender a dirigir... A vida está lhes lembrando quem eles são. E lembrando, sobretudo, que viver é fácil, a gente é que complica.

18.7.07

Disciplina com proporcionalidade - o caso do pai que não pagou a fiança do filho

Pais e educadores estão de cabelo em pé. Na semana passada, um pai decidiu não pagar a fiança de R$ 500,00 para libertar o filho, de 21 anos, preso por dirigir bêbado.

Mil debates foram desencadeados sobre os limites da educação. Até que ponto o castigo educa, até que ponto a repressão é eficaz, até que ponto a decisão do pai vai contribuir, nesse caso, para o arrependimento do filho, e blá blá blá. Muito pouco se discutiu o lado potencialmente positivo da questão que, na minha opinião, existe. Os educadores têm fundamentado seus discursos nos limites da educação. Têm chamado a atenção para a ineficiência da repressão, para uma a educação sem traumas, para a importância do carinho nas relações entre pais e filhos, e todos esses temas que ilustram bem as capas dos livros do Içami Tiba. Concordo com tudo isso. Mas acho que cada filho é um filho (único!). Não se pode usar a mesma fôrma para enquadrar todos eles.

Primeiro: trata-se de maior de idade, pessoa plenamente capaz, e não é o caso de analisar a conduta do pai como um castigo desmedido. Não foi ele que botou o filho na cadeia para castigá-lo. A prisão foi conseqüência da conduta do próprio filho (e todo mundo sabe as conseqüências de dirigir bêbado). Segundo: se o pai não pagou a fiança porque não quis, está agindo dentro de um direito que a lei lhe confere. Se faz parte dos ensinamentos que ele transmitiu ao filho “não dirigir bêbado” e o filho o fez, ele é munido de discricionariedade para, nessa circunstância, não pagar a fiança. A intenção foi disciplinar, sim, no entanto, proporcional à gravidade da situação.

Agora, se a decisão do pai vai ou não servir de alerta para esse e outros casos, é discussão irrelevante e imprevisível. Mas foi uma tentativa interessante. A disciplina (que pressupõe ponderação e proporcinalidade) é uma excelente forma de educar. Até no caso dos marmanjos.

11.7.07

Família não se escolhe. Será?

É interessante observar os relacionamentos humanos. Algumas pessoas do meu convívio particular simplesmente não sabem tratar bem quem as cerca. Sabem, por outro lado, tratar bem os amigos, os vizinhos, os colegas de trabalho ou de faculdade, mas têm imensa dificuldade em tratar bem a família, em conviver harmoniosamente com aqueles a quem mais deve consideração, respeito e carinho. Para os amigos fazem todos os favores, são prestativos, falam doce, riem à toa. Em casa são mal-humorados, resmungam, estão sempre com preguiça e inventando desculpas. Sabem muito bem exigir, pedir e usufruir, mas não gostam de ajudar, não são prestativos e, sequer, sabem conversar.

Ouvimos por aí que família não se escolhe. Esta afirmação apenas incentiva as pessoas a “aturarem” a família e subjulga as relações familiares à condição de mera obrigação.
Na concepção espírita (nem é preciso ir tão longe, os mais atentos aos relacionamentos humanos devem ter percebido isso), nós convivemos com as pessoas que necessitamos - do ponto de vista evolutivo. A natureza, sabiamente, tem propósito para tudo. O fato de não conhecermos muitas das respostas, não quer dizer que elas não existam. Por isso nós escolhemos, sim, a nossa família. Ninguém é mais responsável por receber (ou ser recebido) em determinado ciclo do que nós mesmos. As pessoas que atraímos, incluindo os familiares , são necessárias ao nosso aprimoramento pessoal. É através delas que a vida nos possibilita exercitar sentimentos como a compreensão, a aceitação, a tolerância e o carinho. Não à toa são os companheiros que a vida nos dá, ou melhor, que nós escolhemos e atraímos ao longo de nossas vidas. A forma como tratamos as pessoas, de modo geral, nesta vida, determinará a família e o círculo de convivência na próxima existência.

Admitir essa possibilidade muda todo o contexto. Muda a forma de aceitarmos e, por decorrência, de tratarmos as pessoas. Acreditar nesta prerrogativa é ponto de partida para uma mudança positiva, que começa de dentro (de casa) para fora.

10.7.07

Em boca fechada não entra mosca

Dia destes, numa mesa de bar, uma pessoa que estuda comigo se pôs a falar da vida alheia. Ela contava para um dos nossos colegas o que a cunhada dele - que também estuda conosco - tinha dito sobre ele, assim: “pois é, quando fostes viajar para a Costa Rica, a tua cunhada me disse que a irmã dela te deu uma prancha de presente. Ela disse que pelo preço que custou, deverias trazer um presente muito bom para a irmã dela! Olha, eu achei um absurdo! A irmã dela te deu um presente esperando que tu fostes dar outro em troca, vê se pode? E ela me disse isso não foi só uma vez, não. Todo dia ela vinha com essa história.” E fez cara de alívio, de quem pensava estar prestando uma informação de utilidade pública.
Eu, da mesa ao lado, ouvi a conversa. E senti um frio na espinha! Pensei mil coisas que pudesse dizer naquela hora para que eles mudassem de assunto e para que ela percebesse a falta de propósito e de bom senso do comentário (afinal, a pessoa de quem ela falava, além de ser cunhada dele, é conhecida de todos nós e estava ausente). A minha vontade secreta era dar uma lição de moral, dizer que era mais importante ela cuidar da vida dela, que esse tipo de comentário, além de não acrescentar nada, ainda poderia gerar um conflito, enfim... mas fiquei quieta. Lembrei do proposital ditado, que serve, inclusive, para mim: “em boca fechada não entra mosca”. Eis que ela continuou a conversa e perguntou a ele: “tu já me vistes falar mal de alguém? Já vistes? Se tem uma pessoa que não fala de ninguém sou eu!” E o nosso colega me olhou de lado e fez cara de quem pede socorro. Eu, simplesmente, levantei da mesa.
Dentre o vasto anedotário popular, se existe um ditado que é realmente importante e vale a pena ser exercitado é: “em boca fechada não entra mosca”! Em caso de dúvida (falo ou não falo?) é sempre o melhor que se tem a fazer, acredite.

6.7.07

A este respeito...

Sabe por que é tão difícil exercitar o respeito? Porque muitas pessoas não o conhecem.

O respeito faz parte daquele rol de atributos que demonstram a polidez de um ser humano, a evolução de um povo, o desenvolvimento de uma nação. É um valor capaz de mudar o mundo! Mas enquanto muita gente não souber o que ele significa, de verdade, não tem chances de executar.

As pessoas pensam que sabem respeitar, mas aceitam e propagam a idéia equivocada de que o respeito é um dever que os filhos têm com relação aos pais, os empregados com os empregadores, os mais novos com os mais velhos. Pelo contrário, são verdadeiramente capazes de respeitar aqueles que começam percorrendo o caminho inverso. Respeito deve, inclusive, o diretor da empresa ao porteiro do prédio, o superior hierárquico à sua secretária, os governantes aos governados, os adultos às crianças, o reitor da universidade aos acadêmicos, o presidente ao cidadão.

O respeito é devido a todas as pessoas e independe de hierarquia, grau de escolaridade, idade ou qualquer outro fator. Deve ser oferecido e exigido na mesma proporção e para todas as pessoas. Deve andar em todos os sentidos, entrar em todas as casas, fazer parte de todas as situações.

É incapaz de respeitar quem não se coloca no lugar do outro, quem não compreende os limites dos relacionamentos humanos e não entende que, sob esse aspecto, todos são iguais.

Temos nas mãos as ferramentas necessárias para a construção de uma sociedade rica (em amplo sentido) e o respeito é umas delas. Entretanto, o respeito social não consegue ser efetivado, porque grande parte das pessoas sabe exigí-lo, mas ainda não aprendeu a ofertá-lo.

28.6.07

Para sentir medo é preciso ter coragem

Versa o adágio popular que "o medo é a arma dos covardes". Esse sentimento, de fato, tem uma péssima reputação. Está relacionado à falta de coragem e à incompetência. É sempre lembrado como algo que nos impede de realizar, e está intimamente ligado à vergonha. Vergonha de sentir e de revelar o medo.

Na verdade, o medo é indispensável ao convívio social, pois é justamente o que freia as nossas insanidades, barra os nossos ferozes instintos. É ele que nos faz temer o incerto, o desconhecido, por isso, muitas vezes, nos impede de sofrer e de errar além da conta.

O medo de ser preso impede a pessoa de cometer um crime, o medo de arriscar poupa das conseqüências negativas, o medo das dificuldades, muitas vezes, é o que facilita.

É claro que sentí-lo em excesso é prejudicial, pois quem tem medo não vive intensamente, não segue os impulsos, não reage com espontaneidade, evita correr riscos. Porém, quem souber dosar o medo pode regular melhor a vida, delimitar a liberdade - a sua e a dos outros - sem passar dos limites.

Se os criminosos tivessem mais medo da polícia; os viciados, da morte; os estressados, das reações alheias; os filhos, dos pais; e os alunos, dos professores, não há dúvidas, o mundo teria mais paz e respeito.

O medo existe para ser compreendido. E feliz daqueles que sabem dosar!
Muito mais do que "a arma dos covardes", é a ferramenta dos inteligentes, dos conscientes. Bem que poderia haver mais medo (na dose certa) em determinadas consciências e em determinados corações.

26.6.07

A violência é uma escolha - O caso dos playboys criminosos

É difícil encontrar explicação para certas coisas. O que leva três garotos a espancarem uma mulher que estava parada no ponto de ônibus, justificando acharem se tratar de uma prostituta?
Há quem diga que o cerne dos problemas sociais está na precariedade das relações familiares. Os pais são diretamente responsáveis pela conduta dos filhos, porque têm o dever de orientar, de transmitir valores, de zelar pelo bom comportamento e, acima de tudo, de fiscalizar sua conduta. Tudo bem. Mas, então, como se explica o fato de dois ou mais filhos, que recebem a mesma educação, que são criados da mesma forma e, no entanto, agem de forma oposta, um deles levando uma vida decente e honesta e o outro optando pelo mundo do crime? É certo que a família tem parcela de interferência no comportamento dos filhos, mas não é a maior responsável. O grande culpado é o próprio indivíduo.

A conduta de uma pessoa é opção exclusivamente dela. É ela quem escolhe, quem toma as decisões. É ela que articula e programa seus atos. É ela quem sofre, inclusive, as mais graves conseqüências. E mesmo sabendo disso, muita gente insiste em pegar o caminho errado. Por isso, reafirmo: não adianta buscar respostas para a violência na família, na sociedade, no sistema ou na política. A violência mora no indivíduo. O problema é de dentro para fora. Todos nós nascemos com duas metades opostas: o ruim e o bom, o escuro e o claro, o riso e a lágrima, a ansiedade e a tranqüilidade, a loucura e a sanidade, a violência e a paz. Qual o sentido da vida, se não, justamente, aprimorar o lado obscuro e exercitar o melhor de nós?

No caso dos "filhinhos de papai" criminosos, não restam dúvidas de que seus pais falharam. Um deles atestou na própria entrevista, defendendo o filho e considerando injusta a prisão dos jovens, por serem estudantes e de bom nível social. Mas quem falhou, acima de tudo, foram os próprios jovens. Suas consciências são culpadas!

Independentemente da educação que receberam (ou que deveriam ter recebido), da forma como foram criados ou do meio em que vivem, todos nascem com um sistema de valores próprios. Todos são dotados de discernimento . O problema da violência só terá solução quando a humanidade se der conta disso. E quiser transformar aqueles 50% de paz, tranqüilidade e sanidade em 100%.

25.6.07

Contra-indicações

Conheço gente que toma remédio com a mesma naturalidade que chupa bala. Quando se sente meio aborrecido, tira uma baga colorida da bolsa e glupt! O problema é que a mania de aspirina tem cedido lugar à mania de fluxetina. A dor de cabeça de ontem, hoje é depressão, e os tranquilizantes, quem diria, estão na moda.
Conheço gente nova, de vinte e poucos anos, que toma remédio para dormir, antidepressivo para enfrentar os problemas diários, antiinflamatório para curar resfriado, e por aí vai.
Pouca gente sabe que uma caminhada na praia pode curar uma dor de cabeça, que chá de marcela cura dor de estômago, que terapias podem curar depressão e, principalmente, que os resultados da homeopatia são surpreendentes. Ah, e que um bom abraço (de preferência várias doses por dia) também faz milagres!
É muito mais fácil e seguro paea eles apelar para a alopatia, que têm efeito imediato. Por outro lado, as contra-indicações e reações adversas são de deixar doente qualquer doente! Algumas pessoas, inclusive, preferem nem ler a bula. Ou começam a sentir as reações (conforme vão lendo os efeitos colaterais), ou deixam de tomar o remédio por medo de sentí-las.
O que muitas vezes parece ser a cura, a longo prazo pode ser a causa de diversos outros problemas. Felizes daqueles que descobrem a saúde no esporte, a tranquilidade da mente nas terapias, e que atingem o bem estar de forma natural (quando possível, claro, e muitas vezes é). Quem se dá conta de que as doenças nada mais são do que manifestações físicas de abalos sofridos, muito antes, no plano sentimental (emocional), nunca mais vai precisar de remédio.

9.6.07

Falta inteligência no trânsito

Cada vez mais me convenço de que o trânsito exige, acima de tudo e muito além dos conhecimentos práticos, equilíbrio emocional de pedestres e motoristas. Tenho constatado faticamente, nos meus percursos diários, que o desrespeito no trânsito está progressivamente maior.
Chove motoristas despreparados, que além de desconhecerem o Código de Trânsito e as prerrogativas de direção defensiva, ainda se acham no direito de desacatar quem as aplica. Seguidas vezes me deparo com situações em que um motorista age em desacordo com as regras e, quando alertado, xinga e faz aquele tradicional gesto, que somente atesta falta de educação, de respeito e de inteligência, e nada resolve o conflito. Infelizmente o trânsito acaba sendo válvula de escape para muitos condutores apressados, que nele descarregam suas frustrações cotidianas e carregam a sua bagagem de estresse, esquecendo-se de levar justamente o mais importante: as normas de trânsito e de boa educação.
Quando afirmam que o carro é o veículo que mais mata, é bom lembrar que o carro, sozinho, nada faz. Quem mata é o homem, que inúmeras vezes o conduz de forma irregular e irresponsável.
Motoristas e pedestres, sejamos inteligentes! Antes de xingar alguém (buzinar, mostrar o dedo ou gritar pela fresta do vidro), vejamos, inicialmente, quem está errado. Conheçamos o Código de Trânsito. Demonstremos um mínimo de equilíbrio psicológico ao lidarmos com a perigosa dualidade, velocidade x vida. Enquanto algumas pessoas insistem em ignorar as mais básicas regras da convivência em sociedade, continua sendo necessário repetir o óbvio.