Quem sou eu

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Nasci em Floripa, vivo em Miami e sou apaixonada pela África. Adoro viajar e explorar novas culturas. Tenho especial interesse pelas diferenças. Este é o meu caderno de 'viagens' aberto ao publico. Seja bem-vindo (a)!

14.4.16

Não acredite na solidão

Nada na vida é tão mentiroso quanto a solidão. Não acredite nela, não se deixe levar. Ela vai querer te vender a ideia de que você não tem ninguém e que ninguém te ama. Mentira! Por mais sozinha que você esteja, jamais acredite nisso, promete para mim? Não dê espaço para que o vazio se instale, preencha-o!
Ainda que as pessoas pareçam distantes, você tem uma fonte inesgotável de energia, que te dá vida, que te renova de luz a cada instante, que te concede forças e te supre de vitalidade, que te faz piscar, respirar, enxergar, pulsar, sonhar, correr, sorrir.


Eu sei, a solidão é o tipo de sentimento que intimida, que "chega chegando" com ares de quem vai te dominar. Não vai! Ela é muito mais frágil do que você pensa e vou te contar como descobri isso: enfrentando-a.
Se vc se dispuser a enfrentá-la, quando menos espera, vai sentir felicidade dentro do teu coração, vai sentir paz e contentamento, vai sentir o amor de Deus por você. Vai resgatar a tua individualidade, lembrar o que gosta de fazer, de comer, onde iria se ninguém mais fosse junto. Você vai retomar o contato consigo, que é um dos melhores sentimentos que se pode ter na vida: saber, de verdade, quem se é.
Todo dia pense: eu vou aguentar firme. Eu aguento mais essa noite, mais esse dia. Todo dia pense assim! E quando você menos esperar, vai sentir paz interior, vai sentir que uma energia te abraça, vai sentir liberdade e plenitude.


Vc vai seguir sempre abençoando e respeitando o passado, mas sem sentir ele pesar no coração. Não vai esperar com tanta ansiedade, pois vai fincar os pés no hoje.
Por isso, lembre-se sempre de pensar, e se preciso, diga em voz alta: eu vou ser firme, vou aguentar mais hoje. E de hoje em hoje, o ontem se esvai, o tempo se encarrega de descomprimir o teu coração, alivia do a dor.
Enfrente a solidão sem medo, porque quando gritamos mais alto, ela corre. Eu te garanto que sim! Quando aprendemos a rir de nós, nos divertir na própria companhia, nos preencher do que amamos, quando aprendemos a ficar a sós com nosso barulho interior e ouvir o que ele tem a dizer, quando perdemos o medo do silêncio, a solidão não assusta nunca mais!


E tudo vai ficando ameno, a esperança vai enchendo o peito, novos sonhos vão chegando para fazer brilhar nosso olhar, planos vão surgindo, o amor passa a fluir de outras formas na nossa vida. E quando vc menos esperar, vai estar cheia de planos. Vai estar cheia de vida e cheia de futuro.
Um dia tive muito medo da solidão, mas hoje eu estou comigo, converso comigo, me olho no espelho, caminho na praia, boto a cara no sol, medito, danço, escrevo. E às vezes em que a solidão vem me rondar, eu olho na cara dela e digo: pode ir embora, que eu estou muito bem sozinha.

17.1.16

O tempo e a juventude


Dias atrás a mãe da amiga do meu primo perguntou a ela se eu já tinha terminado a faculdade, imaginando que eu tivesse uns vinte poucos anos, quinze a menos do que insiste em sentenciar o meu RG. Já terminei duas e uma pós e teria tido tempo de concluir outras duas, mais mestrado e doutorado, para se ter uma ideia. 

Quando a amiga do meu primo, então, revelou a minha idade teórica, ela ficou incrédula. Eu também. Esse tal deslocamento no eixo da Terra que acelerou a frequência do Planeta não me deixou lapso suficiente para processar essas quase quatro décadas de vivência. Nem eu acredito que existo há tanto tempo. Apenas caio na real quando a memória já não guarda todas as minhas peripécias mundanas, quando tiro dúvidas sobre informática como meninos de quinze anos, ou quando mando uma gíria e a galera mais nova se entreolha segurando o riso. No mais, sinto-me uma adolescente.

A idade verdadeira é a da alma, e embora o corpo seja a representação do espírito, a “carcaça” oxida muito mais rápido que a essência, e ambos não concentem quanto à contagem do prazo. Porém,  manter a cabeça jovem, acreditar na plenitude e sentir-se um eterno principiante é o meu truque para frear o tempo, essa abstração que um dia resolveram fracionar. É um artifício do qual faço uso e, ao que tudo indica, tem funcionado. 


Você aparenta ter a idade que sente, portanto, cuide do corpo como manda a certidão de nascimento, mas sinta-se livre para exercer a idade que a sua alma deseja, sem forçar a barra. Seja este um pacto entre a sua escolha consciente e o seu comportamento, ambos alinhados com a sua verdade, a de ninguém mais. Até porque, ninguém precisa ser ou parecer jovem, e nem deve, precisamos mesmo é aproveitar melhor o tempo.

Voltei


Estou aqui tentando lembrar quando foi que me deram um “boa noite, Cinderela”, que me levou ao catatonismo em que permaneci por todo esse tempo, cerca de dois anos, em que fiquei sem escrever.

A revoada de ideias, contudo, seguiu pairando sobre meu carro no trânsito, sobre o trilho que contorna o campo de golfe enquanto eu corria, sobre a cadeira de praia enquanto desfrutava do meu ócio, sobre o travesseiro quando eu tentava dormir. Os insights continuaram me acompanhando em bando, mas as minhas mãos rejeitavam o teclado como os mesmos polos de um íman não se beijam.

O importante é que tornei a fazer uma das coisas que mais me motiva nessa vida: conjeturar acerca do comportamento humano e, naturalmente, conferir-lhe as minhas palavras.

Estou pronta e com muita vontade de dar pitaco nos novos e nos velhos assuntos e contar alguns segredos. Voltei!

10.1.15

Quando mudamos, os amigos mudam

Amigos... Já conheci gente que no mesmo dia virou meu amigo de infância, tive amigos ocasionais que se tornaram irmãos, amigos próximos, porém nem tão íntimos, e amigos de longe sempre muito próximos. Todos ensinaram que a distância e o tempo não são empecilho quando há afinidade.

Nesse ponto, amigos são como amores, passamos parte da vida sem saber que eles existem, até que entram no caminho, conquistam o nosso coração, enchem as nossas páginas de história e, de repente, somem com a mesma rapidez que surgiram, sem completar o último capítulo. É quando perde-se a afinidade.

Amizade é aquela coisa louca que, assim como a paixão, se alimenta de inconstâncias. Muda tanto quanto nós para acompanhar nossas transformações. Cada amigo vem pra dar um pouco de si e levar um pouco de nós. Por isso somos alguém melhor a cada amigo.

Nunca tive uma melhor amiga a vida toda. Para cada fase da vida tenho várias melhores amigas. Sempre tive as melhores, mas nunca as tive para sempre.

De uma coisa tenho certeza: atraímos os relacionamentos por afinidade. E repelimos por falta dela também; o que não significa que mais tarde, nesse imenso turbilhão da vida, a sincronia não possa ser reestabelecida, afinal, uma conexão forte nunca é completamente perdida.


Quando penso na saudade dos amigos que a vida afastou e nas amizades que estou prestes a construir,  confio que a afinidade continue fazendo boas escolhas, ciente de que dependem, acima de tudo, da minha energia.




7.11.13

As lágrimas que me lavaram a alma




{Não sei amar pela metade. Amo com toda ausência do meu ser, porque deixo vazio em mim para provar mais de você. | Ofusco minhas luzes quando te permito brilhar, engulo minha voz para te ouvir cantar. | Do pedestal onde repousas majestoso, tua mão me escapa. Agarro-me às tuas pernas, acorrento-me à tua alma. | Teu riso me alegra, teu afago me acalma. | Não existe distância nos meus olhos fechados. É só querer, que te trago para perto. | Meus poderes para te descobrir, mil mistérios para te encantar. Conheço-te a ponto de antever o que não podes enxergar. | Prendo-me à tua garra para fugir da minha falta de esperança. | Acostumei-me à ilusão da nossa história para não ter que encarar meus maiores medos. Obedeço ao comando dos teus dedos. | Distraio-me no teu riso para negar meu papel. |E eu não sabia o por que de tanta dor. | Jamais se pode abandonar seu caminho e esquecer quem se é. | Todo o pesar que foi maior quando me vi no escuro, me fez melhor. | Sou do teu tamanho, porque vi graça no que é meu. |As lágrimas me lavaram o peito e sou cristalina, alva como papel em branco onde se pode recomeçar.}

O renascer das minhas asas



{O que comprime meu peito agora, mais do que a saudade que insisto em soterrar com carradas de desgosto, em parte, é o eterno medo de mim.
A coragem derrotada tem a cara das máscaras que forjaram minhas verdades tão bem, que já não sei quem sou.

Esqueci se, ao certo, sou aqui ou lá.
Meu coração medroso não sabe mais seu nome.

Minha razão, abandonada num labirinto sem saída, emudecida, anseia pelo resgate.
Sonho, iludida, com a mão que me conduzirá pelo caminho onde deixei meus cacos.
E quando não mais aguentar a dor pela morte da minha liberdade, ouvirei novamente a explosão, aquela que me trouxe à vida. Mas desta vez, não mais serei covarde ao me olhar no espelho. Pois sentirei incontrolável sede de beber o mar. Terei a fome de um continente.
Não esconderei minhas asas, pois elas serão enormes e me farão pairar acima deste pequeno mundo.

Não calarei meu grito, pois ele não sairá de mim. Virá de todas as vidas minhas e dos que a mim vierem.
Emergirá da terra e perturbará o sossego dos conformados. Despertará o sentimento dos sensíveis, o amor dos desalmados.
Será grande e profunda minha voz, até que eu reconheça que não sou a mesma. Mas, enfim, me tornei quem deveria ser.
Então, secarei todos os cortes e compreenderei o motivos de tantas lágrimas. Somente elas me levarão ao meu verdadeiro lugar. Onde renascerei, pronta para voar.}

29.9.13

Dance



Grupo Salti Dance

[Quando o seu coração quiser dizer o que sente e não encontrar palavras, dance.

Dance quando quiser contar um segredo ou quando tiver guardado. \ Dance ao amanhecer, dance com a pessoa ao lado.

Dance de dor, dance por prazer. \ Morra de dançar, dance pra viver.

Dance no espelho, dance sem saber. \ Dançando é que se aprende, mas dance pra valer.

Mexa-se sem vergonha ou com medo de aparecer, mas mexa o corpo todo, deixe-se mexer.  

Dança é atitude, é coragem de se expor, é desnudar um sentimento, descobrindo-lhe o pudor. 

A minha dança é a minha alma, que quando danço você vê. \ São os mistérios que revelo, pois cansei de esconder.

Dança é o sentimento que a caneta não descreve. \ É quando a voz não acha o tom, que o corpo fica leve.

A dança é o choque entre  ódio e o amor, quando ambos se encaram, de frente, no corredor.

Minha dança contem o bem e o mal que eu carrego, toda luz e toda escuridão que sinto, não nego. \ O coração contesta a razão, a mente desafia o ego. \ Abro os braços, rodopio, absorvo, me entrego.


A dança é o céu e o inferno, eu diria; um sorriso de tristeza, uma lágrima de alegria.

É a fusão dos amores que tive na vida. \ A surpresa da chegada, a saudade da partida.

Dança é alma, é carne, é paixão, é a sequência de movimentos que nos dita o coração.

A bailarina sem par completa-se na solidão, o barulho interior se cala na multidão.

O salto corajoso, arriscado e preciso. \ Quando a plateia fica de pé, só aplausos, só sorrisos.

Minha dança é a voz que um dia quis calar, or isso eu deixo de dizer, mas não deixo de dançar.

Quando o seu corpo quiser mostrar o que sente, dê-lhe a liberdade de dançar.]

5.9.11

DAYS 12 AND 13 – WINDHOEK, "INSANE GOODBYE PARTY"

Seria em Windhoek, a capital da Namibia - cidade onde é produzida a cerveja de mesmo nome, diga-se, a minha preferida - , que eu me despediria do grupo e pegaria um voo de volta para Cape Town. Aliás, foi lá que, tomando umas Windhoeks, uma das festas mais loucas da minha vida aconteceu, a festa que eu chamei de 'insane goodbye party'. Primeiro, saímos para jantar no Joes, um lugar astral para caramba que, sei lá, tinha uma energia! Quando voltamos para o backpacker, ninguém queria dormir. A última noite tinha cara de último dia de férias escolares, eu rezava para que não acabasse. As piores roubadas já estavam virando as melhores histórias, rápido assim. O bar do bpck já tinha fechado, mas negociamos a rendição do funcionário e conseguimos ficar mais algumas horas bebendo. Bebida + baralho resultaram numa brincadeirinha animada que, claro, deixou todo mundo louco rapidinho. Quando o funcionário realmente teve que ir, assumi o balcão (experiência profissional adquirida em CT) e preparei uns sprinboks, big fives, Jägerbombs, shots de tequila e quando faltava ideia, eu misturava tudo. En-lou-que-ce-mos! Foi um 'Se beber, não case' versão africana. Não fiz uma tatuagem na cara, mas ganhei um beijo na boca... de uma meninaaaaa! Um batom vermelho surgiu no balcão e o desafio era passar sem borrar, àquela altura, impossível. Pronto, foi a deixa para a Lily me pegar desprevenida, segurar a minha cabeça e tascar um selinho na minha boca. O mais incrível foi ter dado tempo para o Vito bater uma foto, não sei como, só sei que é impublicável. Aliás, nenhuma foto saiu normal. Quando senti o 'flash', gelei. Mas no final, eu só conseguia rir. Encaramos diversão na plenitude da palavra, com to-tal despreocupação. O Vito e a Judith deitaram no chão com a cabeça dentro da piscina, enquanto o Jef tentava descobrir quem tinha arranhado o seu pescoço. A Kerstin, que nunca tinha tomado um porre, tomou o maior da vida dela (e de todos nós juntos) cuja ressaca foi igualmente grande. E no final da festa, nos atiramos na piscina num frio de 5 graus. Lembrei de tirar o casaco, mas esqueci de tirar os sapatos. O frio durou uns 3 dias dentro de mim. Terminei a noite comendo pizza com o Vito enrolada num cobertor. Assim, eu me despedi da melhor viagem de aventura que eu poderia ter feito na vida e que marcou como uma das escolhas mais especiais. Eu optei por mim e quando a gente opta por si, pela própria felicidade, não tem erro. Saudade boa e amigos arround the world foram os tesouros que essa viagem me deixou de lembrança. ;o)

TO PLAY: Cada um tem um bolinho de cartas. Um por um joga a sua na mesa. Quando alguma carta repetir a que acabou de ser jogada, executa-se a tarefa correspondente. Tudo muito rápido. Quem bobear e não fizer, bebe também.

2 YOU
3 ME
4 WHORES (ALL GIRLS)
5 FUCK YOU
6 DICKS (ALL BOYS)
7 7-UP
8 CARLTON (DANCE)
9 BUST A RHYME
10 NEVER EVER HAVE I EVER
J MAKE A RULE
Q QUESTIONS
K CATEGORIES
A WATERFALL (EVERYONE DRINKS)

 












3.9.11

DAY 11 - GAME AT ETOSHA

Hoje é dia de safari! Partimos rumo à selva com o Buddy, nosso caminhão companheiro, mas é possível fazer em carros ou caminhonetes fechadas, desde que respeitadas algumas regras, entre elas, jamais sair do veículo. Então você escolhe uma trilha e fica à vontade para se perder pela savanas e só voltar depois de ver os 'big five'. Reza a lenda que safari completo é aquele em que a pessoa avista os cinco maiores: elefante, leopardo, leão, búfalo e rinoceronte. A julgar por essa regra, meu game não foi completo (faltaram o leopardo e o búfalo), mas no meu conceito ele foi nota dez, mesmo assim. Explorando as savanas vimos pássaros coloridos, muitos sprinboks, kudus, blue striped beast (joga aí no Google), manadas de zebras, as girafas (normalmente sozinhas, avistadas por cima das copas das árvores), rinocerontes, hipopótamos, hienas, chacais e, claro, os leões, que me fizeram entender por que são tão respeitados. Não vimos nenhuma caçada, o que demanda tempo, paciência e sorte. E por pouco nós mesmos não fomos a presa de um leão desconfiado. Quando o avistamos de longe, paramos o Buddy. O Shad desligou o motor e ficamos na espreita. Acontece que era ele quem estava interessado em nos observar. Veio vagarosamente na direção do Buddy e deu uma volta completa ao nosso redor, encarando-nos com ar de superioridade como se perguntasse, 'what a f*** are you doing here?', fazendo-nos admitir que a inteligência humana não vale muito diante da bravura do rei da selva. E nós, sentindo a descarga de adrenalina correr pelo corpo, ficamos aliviados quando ele deu as costas e foi embora. Acho que já tinha almoçado.









2.9.11

DAY 10 – ETOSHA NATIONAL PARK

Eu nada sabia sobre os safaris, mas tive a sorte de o acaso me apresentar uma excelente opção. A viagem para a Namibia incluía um game no Etosha National Park, uma reserva de 22.270 km2 de natureza selvagem tipicamente africana. Até então, tudo o que eu sabia é que o Kruger Park era o game reserve mais conhecido da África do Sul. Quem queria fazer um safári de verdade, deveria ir ao Kruger. Tive uns amigos que fizeram games em reservas pequenas, dentro de Cape Town, e saíram decepcionados, dizendo que parecia circo de interior, com animais semi-domesticados, alimentados pelos funcionários, para que nesses momentos pudessem ser vistos pelo público. Só que o interessante é presenciar cenas do cotidiano da selva, ver os animais no habitat natural, tipo um leão devorando uma zebra ou uma girafa dando à luz uma girafinha. É isso que a gente quer, é Nat Geo na veia! Nesse caso, o Etosha superou as expectativas. Oferece camping e acomodações com excelente infraestrutura, inseridos na selva, só que sem interferir no comportamento dos animais. O trunfo são os waterholes, espelhos d’água onde os animais vão constantemente matar a sede. Em um deles, em especial, vários animais se encontram, com hora marcada, na calada da noite. A iluminação foi projetada para que não percebam a nossa presença, escondidos na arquibancada, atrás do alambrado. Também é preciso fazer silêncio para não assustá-los. E aos poucos eles vêm chegando, os hippos, as zebras, os rinos, a família elefante para beber água e tomar banho. É a natureza nua, ao vivo e em cores, excitando a plateia. Impossível permanecer indiferente à excentricidade da fauna africana. É um tipo de contentamento que torna as coisas mais naturais, as mais preciosas da vida. Na manhã do dia seguinte, o game propriamente dito.


Nos waterholes é sempre mais fácil encontrar os animais em seu cotidiano na selva

As zebras, sempre em manadas

O tal blue stripped beast

Um elefante à minha esquerda e dois à direita, vindo beber água

O camping onde nos instalamos. O parque oferece piscinas, salas de jogos, restaurantes, lojas etc

Regra n. 1: Do not feed wild animals

21.8.11

DAY 9 – HIMBA TRIBES PART 2






Depois de brincar com as crianças da tribo e voltar para o acampamento pintada de ochre powder, assisti ao sunset de camarote. Enquanto o sol armava uma despedida em vermelho e preto, nós nos amontoávamos para não sentir frio, porque descer a rocha para ir buscar um cobertor, ninguém queria - e nem era prioridade diante de um por do sol daqueles. O Shad se mostrou um excelente fotógrafo e disse que aprendeu a operar câmeras profissionais tirando fotos dos turistas. Já era escuro quando descemos e, logo ali embaixo, a fogueira estava pronta. Pela primeira vez comi churrasquinho de mashmellow ao redor de uma fogueira, como nos desenhos do Zé Colmeia. O mashmellow em si nem tem graça, mas o ritual de sentar todo mundo junto, cada um assando o seu churrasquinho, fincado num graveto, enquanto alguém conta uma história engraçada e todos se divertem, isso sim é gostoso. Desnecessário dizer que eu me sentia realizada, porque acho que a felicidade está desenhada no meu rosto. É a descontração que deixa a pessoa fotogênica. É a energia que ela emana quando sorri com o coração. Eu me sentia completa, à vontade, dentro de mim. A África tem esse poder. Amanhã é dia de safári!

31.7.11

DAY 9 - HIMBA TRIBES

A visita à tribo Himba foi culturalmente muito rica. Só o fato de tratar-se de uma comunidade nômade, que em pleno século XXI (com todas as facilidades e confortos da modernidade) ainda cultiva hábitos de vida rudimentares, já é de se admirar. Quer dizer, rudimentar até certo ponto, porque quando ofereci água a uma das crianças, ela perguntou se não tinha Fanta (!). Isso me fez divagar sobre a responsabilidade que nós, turistas, temos nessa contaminação cultural. De toda forma, embora os Himba tenham se acostumado à especulação turística por serem a atração de Kamanjab, o legado cultural é bem protegido, caso contrário, não teria resistido ao contato com a civilização. Na aldeia fomos recebidos por um intérprete, que traduzia do idioma da tribo para o inglês, mas eu fiquei mais entretida em brincar com as crianças e captar boas imagens do que em ouvir  todas as explicações, então me dispersei do grupo para explorar a aldeia do meu jeito. As mulheres Himba supervalorizam a beleza e passam o dia se enfeitando. Além dos adornos de osso, pele e dente de animal, elas passam no corpo uma mistura de gordura com ochre powder, para ficar com a pele vermelha. Quanto mais vermelho, mais bonito segundo os padrões Himba, por isso elas refazem a maquiagem várias vezes ao dia. Os Himba nunca tomam banho. A água que conseguem é para fazer comida. O consumo é subsistente, mas para não desperdiçar o fluxo turístico, vendem artesanato. Além de cobrarem caro, não abrem espaço para pechincha ou negociação. Eles se sentem enganados quando aguém tenta lhes convencer de baixar o preço e, no fundo, acho que eles têm razão. Não vi homens na aldeia. Como eles são responsáveis pela caça, estavam fazendo o seu trabalho. E não demorou muito para uma das mulheres trazer na cabeça um carcaça de animal. Bom, decidi terminar esse relato por aqui. Vou deixar que as imagens falem por si, porque elas têm muito a dizer.

18.7.11

DAY 8 – SPITZKOPPE

O Jeff apontou para uma das montanhas, ao final da estrada de terra, e disse que lá seria o nosso acampamento. Não havia camping, não tinha estrutura, mas era um lugar onde qualquer um teria vontade de estender o seu colchão. As montanhas eram como ilhas, isoladas na planície, e de longe pareciam aqueles castelos que a gente faz deixando os pingos de areia molhada escorrerem entre os dedos. À medida que nos aproximávamos, as rochas se contorciam em novos formatos, parecendo nuvens modelando figuras engraçadas. Além da excentricidade da geografia, que eu não conseguiria descrever com a merecida precisão, a energia do lugar era demais! Talvez por conta dos dez milhões de anos entre aquele dia e o vulcão gigante que dizem ter entrado em colapso e criado as Erongo Montains. Inacreditável. Tive vontade de sair correndo pelos campos, de brincar. Adorei saber que dormiríamos ali, com as rochas garantindo a segurança noturna, muito embora não houvesse a menor ameaça. Minha animação era tanta que a ausência de banheiro não conseguiu abafar. Fui direto montar a barraca. Àquela altura eu estava craque, montei sozinha em cinco minutos! E antes de dar uma volta para explorar outras maravilhas escondidas na paisagem, resolvi estacionar meu colchão na sombra e respirar um pouco de Spitzkoppe. Eu queria que meu pai visse aquilo, ele ficaria maravilhado. Céu azul, canto dos pássaros, o sol me esquentando como um abraço, eu no meio da selva africana, sem preocupação e sem perigo. Ou, como diria aquela música da Baby Consuelo, 'sem pecado e sem juízo'. À noite o Jeff assou peixe com batatas na fogueira, como se fosse um truque. Não parecia ser possível aquele peixe surgir ali, tão gostoso e bem temperado, nem combinava com o cenário, mas surgiu, bem na hora da fome. Depois do jantar, os interessados (que contribuíssem $$$), poderiam assistir a uma apresentação nativa. Tudo ali, a céu aberto, nós sentados em círculo nas cadeirinhas de camping. Na primeira parte, em que nos serviram cerveja artesanal (quente) e nos puxaram para dançar em roda, eu me perguntei, 'o que eu estou fazendo aqui?'. Mas na hora em que começaram a cantar 'The Lion sleep tonight' http://www.youtube.com/watch?v=AY2HPvoqSTE, parei de espraguejar em pensamento e me entreguei à experiência. Eu e todo o resto. Não teria trilha sonora mais perfeita. A voz da cantora, o céu estrelado, o astral daquele lugar e talvez o efeito da cerveja nos hipnotizaram. Naquela noite, quem quisesse poderia dormir ao relento. Eu, bom, vou confessar, não cogitei a hipótese porque tenho medo do jackal... O trio de holandesas resolveu ir além e dormiu dentro da caverna. Uma delas acordou sentindo um bafo quente na cara. Era um jackal lambendo seu rosto. Conta ela que simplesmente empurrou-o para o lado, deu as costas e voltou a dormir. 'Stupid jackal', pensou. Gente destemida é outra coisa.












11.7.11

SKYDIVING EXPERIENSE














Almoçamos no backpacker e às 14h o instrutor veio nos buscar para o skydiving. Comecei a sentir um ligeiro frio na barriga, mas não era nada parecido com medo, era ansiedade e vontade de enfrentar o desafio, por incrível que pareça! Segui o conselho do Vini, que me dizia: 'don’t think about, just do it'.  O segredo é não ficar imaginando como será, é simplesmente não pensar, só ir. O local era descontraído, tinha cara de albergue. Lá recebemos as instruções e tomamos uma dose de tequila. Quando a van veio nos buscar para levar ao local da decolagem, estávamos eufóricos. O problema é que a espera foi me angustiando. Esperei praticamente a tarde toda pela minha vez. Fui a última a ser chamada e o sol já estava se pondo. Só depois eu entendi que na verdade isso foi um prêmio. Entramos, eu e a Yun (da Coreia do Sul), no aviãozinho, cada uma com seus instrutores e camera men próprios, que pulariam conosco para filmar nossos saltos. Além de nós, o piloto e não havia lugar para mais ninguém. Todos sentados no chão, encaixados como peças de lego para poder caber no aviãozinho. Então, finalmente, decolamos. Antes do salto ficamos cerca de 20 minutos ganhando altitude e fizemos um voo panorâmico da área. Quando um dos instrutores conferiu as condições numa espécie de relógio de pulso e fez um sinal, eu entendi que era a hora. Primeiro pulou a Yun e alguns segundos depois, pulei eu. A portinha do minúsculo avião se abriu, o camera man se posicionou e eu coloquei as pernas para o lado de fora. Dei um tchauzinho para a câmera e senti o impulso do instrutor, preso às minhas costas, me empurrar. Atirei-me em queda livre a 10 mil pés do chão. Os primeiros quatro segundos foram de medo, mas eles duraram tempo suficiente apenas para me lembrar que eu estava viva! É aquele frio na barriga que só quem se arrisca sente. E só quem sente sabe o quanto vale à pena! São sentimentos que a vida normal não nos possibilita. Nos próximos segundos, uma intensa sensação de liberdade interrompeu qualquer medo. Um vento muito forte na cara, o mundo lá embaixo e eu pensando: isso é que é viver! Quando o kite se abre, a gente sente um tranco puxando para trás e paira no ar, como fazem os pássaros quando parece que o vento os empurra. Nesse instante ouvi o silêncio muito alto e senti uma brisa quente bater no meu rosto. Uma deliciosa sensação de voar. É a palavra liberdade em sua plenitude. É sentir-se um anjo, vendo tudo lá do céu, ou um superherói. De um lado o deserto, de outro lado o mar e acima de tudo isso, eu, me sentindo literalmente 'por cima'. O entardecer me rendeu lindas fotos. A luminosidade do dia estava perfeitamente regulada para o meu momento. Começamos a perder altitude e eu pude manobrar o kite, fazendo ziguezague. Quando o instrutor retomou o comando, fez uns spinnings que me deixaram meio tonta. Àquela altura o mundo lá embaixo, que parecia uma maquete, foi  ficando mais nítido. Quanto mais descia, mais eu reconhecia as casas, os carros, e finalmente o campo onde pousaríamos. Poucos minutos antes de tocar o chão eu gargalhava! Quando pude ouvir a voz do Vito dizer, lá de baixo, 'come on Bella', senti que estava acabando... Quando os meus pés tocaram o chão, além de feliz, eu estava orgulhosa de mim. Meu coração sorria, minha alma era só felicidade! Foi praticamente uma experiência religiosa, que revelou a minha coragem, o meu potencial, a minha crença e todas as sensações que a vida pode me dar se eu estiver disposta a arriscar, sem medo de ser feliz.