{O que comprime meu peito agora, mais do que a saudade que insisto
em soterrar com carradas de desgosto, em parte, é o eterno medo de mim.
A coragem derrotada tem a cara das máscaras que forjaram
minhas verdades tão bem, que já não sei quem sou.
Esqueci se, ao certo, sou aqui ou lá.
Meu coração medroso não sabe mais seu nome.
Minha razão, abandonada num labirinto sem saída, emudecida,
anseia pelo resgate.
Sonho, iludida, com a mão que me conduzirá pelo caminho onde
deixei meus cacos.
E quando não mais aguentar a dor pela morte da minha
liberdade, ouvirei novamente a explosão, aquela que me trouxe à vida. Mas desta
vez, não mais serei covarde ao me olhar no espelho. Pois sentirei incontrolável
sede de beber o mar. Terei a fome de um continente.
Não esconderei minhas asas, pois elas serão enormes e me
farão pairar acima deste pequeno mundo.
Não calarei meu grito, pois ele não sairá de mim. Virá de
todas as vidas minhas e dos que a mim vierem.
Emergirá da terra e perturbará o sossego dos conformados.
Despertará o sentimento dos sensíveis, o amor dos desalmados.
Será grande e profunda minha voz, até que eu reconheça que
não sou a mesma. Mas, enfim, me tornei quem deveria ser.
Então, secarei todos os cortes e compreenderei o motivos de
tantas lágrimas. Somente elas me levarão ao meu verdadeiro lugar. Onde
renascerei, pronta para voar.}
Nenhum comentário:
Postar um comentário