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Nasci em Floripa, vivo em Miami e sou apaixonada pela África. Adoro viajar e explorar novas culturas. Tenho especial interesse pelas diferenças. Este é o meu caderno de 'viagens' aberto ao publico. Seja bem-vindo (a)!

2.2.09

Cape Town 7: Sometimes I need myself


Quatro semanas se passaram e a sensação que tenho é de que a viagem está apenas começando. Pode ser por conta da minha vontade plenamente consciente de ficar um pouco mais.

Hoje fui a primeira a chegar na praia e quero ser a última a ir embora. Só saio daqui quando a Dalva vier me buscar ou quando o tiozinho vier recolher o guardassol alugado.
Curti cada minuto deste dia de sol e céu completamente azul como se fosse o último dia de uma noiva em lua-de-mel, rezando e implorando, seja quem for que mande no mundo, Deus, Alá ou Barak Obama, me deixe aqui mais um pouquinho!

Se bem que se fosse meu último dia de qualquer coisa eu não aproveitaria tanto, eu me conheço. Só de saber que seria o último (não posso nem ouvir esta palavra quando estou desfrutando do meu ócio), eu deixaria a ansiedade e a preocupação tomarem conta de mim e destruir os meus últimos o que quer que fossem.

No meu caso consigo aproveitar muito melhor as coisas no meio, naquele período depois da insegurança do início e antes da tristeza do fim. Os últimos dias me fazem sofrer por antecipação.

Cape Town tem me dado muitas coisas boas, mas poderia ser qualquer lugar do mundo: Nova Iorque, Namíbia ou a Floresta Amazônica, que eu estaria bem do mesmo jeito. O lugar para onde eu vim ou vou pouco me importa. O essencial é que eu esteja sozinha. Muitas vezes na vida precisei de intervalos assim. Tenho necessidade de me refugiar do mundo em um auto-exílio programado para me lembrar quem eu sou.

Vivemos numa sociedade violentamente consumista e preconceituosa e quando me vejo por vezes contaminada pelo sistema, perdendo meus objetivos espirituais e sendo arrastada por um fluxo de informações tendenciosas que eu não sei nem para onde vai, preciso parar. É hora de me isolar, de ir para longe de tudo e me resgatar.

Eu preciso me lembrar o que eu gosto de comer, vestir ou fazer sem me basear instintivamente no que estão comendo, vestindo ou fazendo. É hora de eu me assumir com os meus defeitos e qualidades e me lembrar dos meus mais particulares gostos, aqueles que a conturbada vida cotidiana insiste em massificar.

Hoje passei um dia inteiro sozinha na praia e me senti tão bem, tão feliz e renovada, que descobri que era isso o que eu precisava: de mim. Eu só precisava de mim!

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