
A Rica tem sido muito legal comigo. Vive repetindo que a casa dela é a minha casa e que, portanto, não preciso pedir para usar as coisas, posso ficar à vontade. Pelas regras do intercâmbio ela tem que me fornecer o café da manhã, mas não precisa necessariamente fazer meu café, mas ela faz. E as vezes faz o almoço também. Diz ela que não sabe cozinhar, mas faz para me ajudar, assim posso economizar dinheiro para os passeios.
E o gato, que está se achando meu amigo? Hoje a Rica saiu para trabalhar e fui para a cozinha esquentar meu almoço. Eis que ele aparece na porta, miando e olhando para mim. E o que se faz nessa hora? Sei que comecei a suar frio, pensando: e agora, como é que eu vou sair daqui com esse gato aí plantado? Abri a geladeira, fechei a geladeira, abri o microondas, fechei o microondas e nada de ele entender que era com ele. Comi em pé na cozinha com medo de passar pelo gato. Contei para a Rica quando ela chegou, mas ela insiste que ele gosta de mim. Ele miou para ela dizendo que me ama! E vocês acreditam que ele mia dizendo “mom”? Essa eu ouvi, ninguém me contou.
Hoje conversamos sobre o Apartheid. Perguntei como era naquela época. Ela disse que era terrível. Um bairro inteiro foi “desapropriado” porque ali, a partir de então, seria bairro de brancos. Aos negros foram reservados os subúrbios, enquanto os brancos se instalaram o centro da cidade. Brancos e negros não podiam conversar ou se olhar em público. Tudo era diferenciado: ônibus, bancos, restaurantes, bairros inteiros. Eu falei que hoje vejo cenas de igualdade aqui na África que não vejo no Brasil. Vejo muitos negros ocupando bons cargos, posições de destaque e de respeito, o que no Brasil é exceção. Ela disse que o apartheid realmente pôs fim à segregação, mas que ainda é um fator cultural forte, enraizado na sociedade. Concluí que por mais que o separatismo tenha sido extinto de forma política, enquanto regra ou lei, resquícios ainda contaminam o coração de alguns indivíduos. E isso não é Mandela nem governante algum que consegue exterminar, porque as regras são impostas de fora para dentro, enquanto a evolução espiritual (o que pressupõe enxergar o outro como semelhante) é construída de dentro para fora.
So, mudando de assunto, amanhã vou na lojinha de umas coreanas na Main Road buscar um espelho que encomendei. Nos espelhos aqui de casa só consigo ver a minha testa, isso se subir num banquinho! Das duas uma, ou o morador anterior era alto ou era português...
Falando em português, eles têm vários hábitos americanos aqui. Comem omelete no café, sanduíche no almoço e pizza o tempo todo. A comida é bem apimentada, até aquela que não combina com pimenta. Eles não costumam colocar gelo na bebida. Se pedir, num restaurante, eles não têm. Para a minha sorte, quase todos os restaurantes têm prato vegetariano.
Fazer a unha aqui, esquece. A mão custa 200 Rands (R$ 50,00) e eles priorizam a decoração. Para a cutícula elas não dão nem bola. É comum ver a mulherada com esmalte do mês passado, metade descascado e metade fosco. Eu trouxe o meu alicate, mas sinceramente tenho mais o que fazer em Cape Town do que tentar acertar a cutícula da mão direita com a mão esquerda. Passei só uma base que comprei das coreanas.
Ontem o Karl, aquele da República Tcheca, que é fotógrafo, me ajudou a regular a minha câmera. Ele me deu umas dicas e tirei umas fotos legais no city tour. Fiz a red line com o Hop on – Hop of bus e cliquei paisagens alucinantes. Qualquer lugar aqui é wonderful. Eu já disse isso, né? As ruas largas cheias de coqueiros lembram Miami. As construções mediterrâneas nas encostas lembram Capri. A água do mar a 15º C lembra Punta. Mas eu queria mesmo era estar no Zaire.
Ah, só para constar, estou escrevendo este post de frente para a janela do quarto, que fica de frente para a praia. O reflexo da lua no mar provoca um efeito cintilante, tipo uma chuva de glitter. Tipo aquelas luzes que piscam na Torre Eifflel. Tipo um véu de tule cravejado de cristal Swarovski. Tipo os pontos de energia do prana que aparecem e somem desgovernados. Tipo uma taça de Veuve Clicquot com as bolhinhas estourando...
E o gato, que está se achando meu amigo? Hoje a Rica saiu para trabalhar e fui para a cozinha esquentar meu almoço. Eis que ele aparece na porta, miando e olhando para mim. E o que se faz nessa hora? Sei que comecei a suar frio, pensando: e agora, como é que eu vou sair daqui com esse gato aí plantado? Abri a geladeira, fechei a geladeira, abri o microondas, fechei o microondas e nada de ele entender que era com ele. Comi em pé na cozinha com medo de passar pelo gato. Contei para a Rica quando ela chegou, mas ela insiste que ele gosta de mim. Ele miou para ela dizendo que me ama! E vocês acreditam que ele mia dizendo “mom”? Essa eu ouvi, ninguém me contou.
Hoje conversamos sobre o Apartheid. Perguntei como era naquela época. Ela disse que era terrível. Um bairro inteiro foi “desapropriado” porque ali, a partir de então, seria bairro de brancos. Aos negros foram reservados os subúrbios, enquanto os brancos se instalaram o centro da cidade. Brancos e negros não podiam conversar ou se olhar em público. Tudo era diferenciado: ônibus, bancos, restaurantes, bairros inteiros. Eu falei que hoje vejo cenas de igualdade aqui na África que não vejo no Brasil. Vejo muitos negros ocupando bons cargos, posições de destaque e de respeito, o que no Brasil é exceção. Ela disse que o apartheid realmente pôs fim à segregação, mas que ainda é um fator cultural forte, enraizado na sociedade. Concluí que por mais que o separatismo tenha sido extinto de forma política, enquanto regra ou lei, resquícios ainda contaminam o coração de alguns indivíduos. E isso não é Mandela nem governante algum que consegue exterminar, porque as regras são impostas de fora para dentro, enquanto a evolução espiritual (o que pressupõe enxergar o outro como semelhante) é construída de dentro para fora.
So, mudando de assunto, amanhã vou na lojinha de umas coreanas na Main Road buscar um espelho que encomendei. Nos espelhos aqui de casa só consigo ver a minha testa, isso se subir num banquinho! Das duas uma, ou o morador anterior era alto ou era português...
Falando em português, eles têm vários hábitos americanos aqui. Comem omelete no café, sanduíche no almoço e pizza o tempo todo. A comida é bem apimentada, até aquela que não combina com pimenta. Eles não costumam colocar gelo na bebida. Se pedir, num restaurante, eles não têm. Para a minha sorte, quase todos os restaurantes têm prato vegetariano.
Fazer a unha aqui, esquece. A mão custa 200 Rands (R$ 50,00) e eles priorizam a decoração. Para a cutícula elas não dão nem bola. É comum ver a mulherada com esmalte do mês passado, metade descascado e metade fosco. Eu trouxe o meu alicate, mas sinceramente tenho mais o que fazer em Cape Town do que tentar acertar a cutícula da mão direita com a mão esquerda. Passei só uma base que comprei das coreanas.
Ontem o Karl, aquele da República Tcheca, que é fotógrafo, me ajudou a regular a minha câmera. Ele me deu umas dicas e tirei umas fotos legais no city tour. Fiz a red line com o Hop on – Hop of bus e cliquei paisagens alucinantes. Qualquer lugar aqui é wonderful. Eu já disse isso, né? As ruas largas cheias de coqueiros lembram Miami. As construções mediterrâneas nas encostas lembram Capri. A água do mar a 15º C lembra Punta. Mas eu queria mesmo era estar no Zaire.
Ah, só para constar, estou escrevendo este post de frente para a janela do quarto, que fica de frente para a praia. O reflexo da lua no mar provoca um efeito cintilante, tipo uma chuva de glitter. Tipo aquelas luzes que piscam na Torre Eifflel. Tipo um véu de tule cravejado de cristal Swarovski. Tipo os pontos de energia do prana que aparecem e somem desgovernados. Tipo uma taça de Veuve Clicquot com as bolhinhas estourando...
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