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Nasci em Floripa, vivo em Miami e sou apaixonada pela África. Adoro viajar e explorar novas culturas. Tenho especial interesse pelas diferenças. Este é o meu caderno de 'viagens' aberto ao publico. Seja bem-vindo (a)!

6.1.09

Cape Town 1: First news from Africa




Amigos, família e demais interessados

Cheguei bem, já estou confortavelmente instalada na homestay e em dois dias o meu relógio biológico acertou os ponteiros: tenho fome ao meio-dia, sono às 23h e continua difícil acordar cedo – sinal de que o relógio está mesmo operando dentro do normal, considerando-se a diferença de fuso de 4 horas em relação ao Brasil.


Minha host, a Rica, tem de 59 anos, mas parece menos, é loira, olhos claros, baixinha e me trata muito bem. A filha dela, a Lisa, tem 29 anos, é morena de olhos azuis e tem cara de poucos amigos. Até agora não descobri se ela não gosta de mim ou se não gosta de gente. Tenho também um irmão da família dos felinos. Alguém aí já me imaginou dividindo a casa com um gato? Quem me conhece sabe que só tem um tipo de gato que eu gosto: morto! Isso que na ficha que preenchi disse que não gostava de animais de estimação. Aliás, isso aconteceu com vários brasileiros. Vai ver é porque aqui quase todo mundo tem bicho, principalmente as pessoas que se candidatam para receber intercambistas... Bom, pelo menos ele só tem 3 patas, assim sei que não vai correr atrás de mim. Se bem que ontem estávamos em casa, só nós dois (ele passa o dia em cima da cama da Rica) e dali a pouco apareceu na porta do meu quarto. Imagina o susto! Simplesmente disse: nooooooo e fechei a porta na cara dele. Mas concordo com a Rica, um dia seremos bons amigos, no dia em que eu for embora, decerto... Aliás, desta vez eu perco o medo de bichos ou adquiro uma fobia incurável, porque na escola tem um bull dog enorme, que dorme no chão da sala da diretora e deita a cabeça no colo das pessoas no sofá. Ele que venha com aquela cara babada no meu colo, pra ele ver!

Meu quarto tem vista para uma espécie de Copacabana sul-africana. Um lugar onde se caminha, corre, faz piquenique, aprecia a vista e pensa: Deus foi bom com a África, apesar de tudo.

Em pouco tempo já fiz dois amigos-irmãos. O Rafael, de Floripa, que me achou na comunidade de Cape Town no Orkut, mas só nos conhecemos pessoalmente aqui; e o Henrique, mineiro, 29 anos, muito gentil e muito casado. Toda vez que saio com o Henrique acham que estamos juntos. Aí ele diz: “no, she is not my wife” e eu reforço, mostrando os dedos e dizendo: “look, I don’t have a ring”.

Foi impossível não me juntar a outros brasileiros, eles formam 80% dos estudantes da Cape Studies. Dos 8 alunos da minha classe, tem apenas um da República Tcheca. Ah, e por coincidência, um dos brasileiros é amigo do Gustavinho Santos, mineiro de Oliveira, que conheci no intercâmbio que fiz para os Estados Unidos em 2001.

Por enquanto conheci a África dos turistas que, diga-se de passagem, está muito longe da África que eu gostaria de conhecer. Cape Town é uma cidade incrível, qualquer um de vocês gostaria daqui. É uma mistura de Campos do Jordão com Balneário Camboriu, como se esse mix fosse na Europa, entende? É uma Porto Seguro redesenhada no paraíso. É a África do primeiro mundo. A beleza chega a ser banal. Qualquer lugar é paisagem impecável para uma foto. O Waterfront é seguramente um dos points mais lindos e chiques do mundo (vocês vão ver nas fotos). Tem gente de todas as nacionalidades aqui. Tem loiros de olhos claros 100% africanos. Tem negros estilosos comprando na Gucci. Tem muçulmano para tudo que é lado também.
Essas cenas me fazem pensar que a África do Sul está bem próxima do país que eu gostaria de construir se eu fosse o Dom Quixote. Uma nação miscigenada, onde as pessoas se misturam e convivem displicentemente com com as diferenças. É claro que o preconceito e a disparidade social são perceptíveis no cotidiano da cidade, mas também é visível que o fim do apartheid deu um basta na segregação. Pelo menos eu vi cenas de igualdade que nunca vi e não sei se um dia vou ver no Brasil. Gostei daqui.

Um comentário:

Camila disse...

Amiga, adorei seu relato. Também achei (pelas fotos) a cidade linda e segura - e, acredite, isso me deixou mais tranquila. Claro que eu quero que você conheça a outra África, mas sinceramente, ser mulher e não poder andar nas ruas sozinhas tem lá seu charme por apenas 1 ou 2 dias, porque se isso fosse a regra aí, no final das contas tu irias se cansar rapidinho...
Enfim, aproveite a nova cidade, faça passeios de turista, mas não se esqueça de perguntar onde os nativos passam o final de semana, onde compram comida, onde comem. Na hora de ir embora, você sempre vai achar que poderia ter conhecido mais, convivido mais com nativos. E aproveita para conversar muito com a Rica, que parece legal. Com ela vai ser mais fácil entender se essa igualdade toda é puramente superficial, ou se a África mudou mesmo, pra valer.
Mande sempre notícias. Adorei as fotos! (e agora já entendi o que era aquele gato e o resto do povo nas fotos - só não sei ainda o que a mãe do João Pimenta tá fazendo por lá! ehheheh)