
Amigas e família, desculpem a falta de comunicação, mas a minha terceira semana em Cape Town foi bem mais agitada do que as duas anteriores. Decidi ficar menos em casa e aproveitar mais os meus dias, e para isso precisei deixar os livros e a internet um pouco de lado. Fiz alguns passeios que estavam na minha lista, comprei gifts para vocês, peguei balada, conheci gente. Acho que só nesta semana me desliguei completamente do Brasil. Até então minhas preocupações e responsabilidades ainda me rondavam e eu não sorria tanto, não me sentia tão à vontade entre os estranhos, não tinha feito amigos além dos quais confiei logo de cara. Mas percebi que duas semanas tinham ido embora e a sensação era de que as passadas do tempo eram muito maiores do que as minhas pernas podiam alcançar. Antes que ele passasse por mim e me atropelasse, decidi correr. Agora parece que estamos lado a lado. Tenho feito tudo o que meus dias permitem e tenho ido dormir com a sensação de dever cumprido, de dia bem aproveitado.
Fiz programas básicos como conhecer o Cabo da Boa Esperança, embarcar numa trip de carro para Jeffrey’s Bay e escalar a Lion’s Head, com a diferença de que nada foi planejado. As oportunidades foram surgindo e eu fui topando. Ainda não me desafiei a ponto de saltar de parapente, mergulhar com os tubarões ou pular de bungee jump (estive diante do maior bungee jump de ponte do mundo e amarelei...), mas um dia quero poder contar esse tipo de novidade para vocês. Talvez numa próxima viagem... Por enquanto já está sendo um desafio morar na casa de estranhos, me virar com meu inglês tupiniquim e dirigir na mão inglesa.
Cape Town não é mais uma surpresa. Meu olhar em relação à cidade não é o de um turista recém-chegado, mas o de alguém que está se adaptando ao cotidiano e convivendo pacificamente com as diferenças. A pior delas para mim é a limpeza. Não é fácil para os brasileiros conviverem com os hábitos britânicos de higiene dos sul-africanos. Para se ter uma ideia, na primeira semana na host family encontrei um chumaço de pelo de gato na esponja da louça. Qual a chance de elas lavarem o prato do gato na pia da cozinha? Eles não têm tanque aqui e até os calçados são lavados na pia da cozinha (tem brasileiro que lava no chuveiro, mas eu não acho muito prático). Aos poucos tenho compreendido que não é uma questão de relaxamento ou ignorância, mas uma forte questão cultural. Eles convivem amigavelmente com a sujeira como se ela fizesse parte do cotidiano, afinal, ela está em tudo, em nós e nas coisas que nos cercam. A diferença é que nós brasileiros aprendemos a eliminá-la diante do menor vestígio, enquanto eles simplesmente a aceitam como fato natural. Na boa, prefiro continuar com meus dois banhos por dia. Agora que vi a esponja da louça, quem sabe três?
No mais, o povo de Cape Town é muito solícito. Eles têm paciência com o nosso inglês e nos atendem bem em todos os lugares. Os brasileiros são bem vistos aqui, pena que eu normalmente não tenho a sorte de ser reconhecida como tal. Acreditem, todos pensam que eu sou alemã, até os brasileiros de outros lugares. Talvez porque a maioria das brasileiras que estão aqui sejam morenas de cabelo e de pele, sei lá. Então tenho que explicar que Brasil é um país miscigenado e que o sul foi colonizado por alemães e italianos e blá blá blá blá. Ainda assim, as pessoas olham com cara de espanto. Neste fim de semana estávamos numa feirinha em uma cidade do interior, quando a vendedora da barraca de doce descobriu que éramos brasileiros e apontou para mim umas três vezes, perguntando: “mas ela também?”. Todos respondiam juntos “yesssssss”, mas não adiantava, ela continuava a me olhar incrédula.
Fiz programas básicos como conhecer o Cabo da Boa Esperança, embarcar numa trip de carro para Jeffrey’s Bay e escalar a Lion’s Head, com a diferença de que nada foi planejado. As oportunidades foram surgindo e eu fui topando. Ainda não me desafiei a ponto de saltar de parapente, mergulhar com os tubarões ou pular de bungee jump (estive diante do maior bungee jump de ponte do mundo e amarelei...), mas um dia quero poder contar esse tipo de novidade para vocês. Talvez numa próxima viagem... Por enquanto já está sendo um desafio morar na casa de estranhos, me virar com meu inglês tupiniquim e dirigir na mão inglesa.
Cape Town não é mais uma surpresa. Meu olhar em relação à cidade não é o de um turista recém-chegado, mas o de alguém que está se adaptando ao cotidiano e convivendo pacificamente com as diferenças. A pior delas para mim é a limpeza. Não é fácil para os brasileiros conviverem com os hábitos britânicos de higiene dos sul-africanos. Para se ter uma ideia, na primeira semana na host family encontrei um chumaço de pelo de gato na esponja da louça. Qual a chance de elas lavarem o prato do gato na pia da cozinha? Eles não têm tanque aqui e até os calçados são lavados na pia da cozinha (tem brasileiro que lava no chuveiro, mas eu não acho muito prático). Aos poucos tenho compreendido que não é uma questão de relaxamento ou ignorância, mas uma forte questão cultural. Eles convivem amigavelmente com a sujeira como se ela fizesse parte do cotidiano, afinal, ela está em tudo, em nós e nas coisas que nos cercam. A diferença é que nós brasileiros aprendemos a eliminá-la diante do menor vestígio, enquanto eles simplesmente a aceitam como fato natural. Na boa, prefiro continuar com meus dois banhos por dia. Agora que vi a esponja da louça, quem sabe três?
No mais, o povo de Cape Town é muito solícito. Eles têm paciência com o nosso inglês e nos atendem bem em todos os lugares. Os brasileiros são bem vistos aqui, pena que eu normalmente não tenho a sorte de ser reconhecida como tal. Acreditem, todos pensam que eu sou alemã, até os brasileiros de outros lugares. Talvez porque a maioria das brasileiras que estão aqui sejam morenas de cabelo e de pele, sei lá. Então tenho que explicar que Brasil é um país miscigenado e que o sul foi colonizado por alemães e italianos e blá blá blá blá. Ainda assim, as pessoas olham com cara de espanto. Neste fim de semana estávamos numa feirinha em uma cidade do interior, quando a vendedora da barraca de doce descobriu que éramos brasileiros e apontou para mim umas três vezes, perguntando: “mas ela também?”. Todos respondiam juntos “yesssssss”, mas não adiantava, ela continuava a me olhar incrédula.