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Nasci em Floripa, vivo em Miami e sou apaixonada pela África. Adoro viajar e explorar novas culturas. Tenho especial interesse pelas diferenças. Este é o meu caderno de 'viagens' aberto ao publico. Seja bem-vindo (a)!

14.8.08

E viva Balzac!

Agosto chegou e dia 18 é meu trigésimo aniversário. Preciso confessar que depois dos 25 cada aniversário é um susto! Tudo bem, comemorar anos de vida (com saúde, felicidade e blá blá blá) é uma dádiva, o problema é que a gente sempre se sente com menos idade do que tem.

Certa vez, quando eu tinha 26, cheguei a esquecer a minha idade. Quando me perguntaram quantos anos eu tinha, um vácuo dominou a minha mente: “meu Deus, e agora, é 25 ou 26? Não acredito que esqueci aminha idade!” Na dúvida fui pelo menor: 25, respondi. Cheguei ao cúmulo de ter que conferir no RG. E o pior foi constatar que era 26 mesmo.

Freud deve ter uma explicação razoável para o fenômeno. E eu até arrisco palpitar: é possível que a mente tenha criado uma amnésia momentânea para me proteger da verdade, que àquela altura começava a preocupar. Quem duvida? Uma coisa é certa, depois dos vinte e poucos anos a vida parece passar tão depressa, que nem o relógio biológico acompanha. A vida profissional (que normalmente engrena depois dos 22) torna tudo uma grande rotina. Os afazeres diários deixam os dias quase sempre iguais, o que nos faz perder a noção do tempo que vai se passando.

Para piorar, a sociedade ocidental alia a idade à incapacidade e além de discriminar os mais velhos, vê a idade de forma negativa. A juventude só se dá conta do quanto a discriminação é injusta quando se vê vítima do tempo, e aí já é tarde demais. Na nossa sociedade não há um rito de passagem para a maturidade. Ela simplesmente acontece (ou não) de uma hora para a outra. Quando a gente se dá conta, eis que ela faz parte da vida. Um belo dia se olha no espelho e conclui: eu envelheci.

Mas completar aniversário pode ser muito bom se a gente souber desfrutar. Balzac, meu escritor preferido neste inferno astral, está dando uma grande força. Na obra “A Mulher de Trinta Anos” ele afirma que vivemos a melhor fase da vida, quando aliamos o vigor da juventude ao discernimento da maturidade. Podemos ser meninas ou mulheres, dependendo da conveniência. Balzac prolongou a “flor da idade” pontuando que dos 30 aos 40 a mulher vive a fase do amor, quando embarca nos relacionamentos com o romantismo da adolescência, mas sem todas as inseguranças que esta fase traria.

Tornamo-nos mais realistas. Os complexos não incomodam tanto, os problemas são menos trágicos (afinal, até aqui fomos aprendendo a lidar com eles), a experiência adquirida nos torna mais sábias, ponderadas, poderosas! A gente sabe muito bem o poder que tem - e inclusive o que não tem. Podemos nos permitir chorar abraçada no travesseiro porque ele não ligou no dia seguinte, gastar sem culpa 20% do salário num acessório que vai sair de moda no próximo verão, encher o carro de amigas e agitar um carnaval numa praia distante. Podemos, por outro lado, encarar um casamento ou uma produção independente sem precisar da aprovação de ninguém. Podemos largar tudo e partir de mochila pra Europa, podemos deixar a casa dos pais e ter o nosso cantinho. É o momento da libertação!

Certas coisas ficam meio ridículas se vividas aos 40 e outras não fazem sentido se vividas aos 20, mas certamente muitas delas ganham significado com os 30 anos.

Um comentário:

Djones disse...

Oi! Primeira vez que entro no seu blog, vi até que os meus estão entre os favoritos! Obrigada!

Adorei seu post, eu também tenho medo dos 30 (faltam dois anos e meio pra chegar neles mas mesmo assim...)

Ah, e ontem foi seu aniversário, então parabéns! Espero que tenha curtido muito o seu dia.

Beijos