Quem sou eu

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Nasci em Floripa, vivo em Miami e sou apaixonada pela África. Adoro viajar e explorar novas culturas. Tenho especial interesse pelas diferenças. Este é o meu caderno de 'viagens' aberto ao publico. Seja bem-vindo (a)!

19.7.07

Mania de complicar

Meu pai diz que viver é fácil, a gente é que complica. O ser humano é um bicho tão engraçado, que até quando pode (e deve) facilitar as coisas, acaba complicando, mesmo sem querer, por força da sua própria natureza.
Viver seria simples se compreendêssemos mais, perdoássemos mais e peneirássemos o essencial à vida, descartando as superficialidades. Mas processar os sentimentos e agir com equilíbrio é como andar na corda bamba, um exercício constante que requer muita prática. Muita gente não sabe que é capaz disso, mas é.

A gente se magoa por muito pouco, se estressa sem necessidade, sofre além da cota diária que nos é destinada. São raras as pessoas dotadas de equilíbrio emocional suficiente para encarar as situações (das mais felizes às mais trágicas) de forma plácida. Mas eu conheço algumas! E as admiro.
São pessoas munidas do que chamo de inteligência emocional. Sofrem, choram, sentem as perdas e as adversidades, como todo mundo, mas não esgotam seu estoque de esperança. Pelo menos, não se entregam às dificuldades e não superdimensionam os problemas. Saem, passeiam, viajam, trabalham, se dão chances, se permitem.

Meus pais me ensinaram uma grande lição a esse respeito. Confesso que o choque causado pela separação dos pais é inevitáveil, por mais que nós, filhos, sejamos bem crescidinhos. Nessa hora a gente se sente até meio criança, vendo um castelo se desmoronar. Separação desune e não tem jeito. Muitas vezes, quando eu sinto uma dor no coração pela falta de uma coisa que era muito importante para mim, olho para eles e vejo cada um tocando sua vida, se esforçando com dignidade. E logo penso: “se eles estão bem, por que eu não vou estar?”

Nessa horas me vejo complicando o que poderia ser fácil. Grandes rompimentos, fechamento de ciclos e profundas mudanças redirecionam a vida, mudam o foco e as prioridades. São chances (radicais, é verdade) que a vida nos dá de experimentar outras vivências, captar novas sensações, mudar pontos de vista e velhas opiniões. Meus pais estão aí, focando suas energias no trabalho e resgatando a individualidade perdida com o casamento. Realizando sonhos como ter uma moto, fazer uma viagem, aprender a dirigir... A vida está lhes lembrando quem eles são. E lembrando, sobretudo, que viver é fácil, a gente é que complica.

18.7.07

Disciplina com proporcionalidade - o caso do pai que não pagou a fiança do filho

Pais e educadores estão de cabelo em pé. Na semana passada, um pai decidiu não pagar a fiança de R$ 500,00 para libertar o filho, de 21 anos, preso por dirigir bêbado.

Mil debates foram desencadeados sobre os limites da educação. Até que ponto o castigo educa, até que ponto a repressão é eficaz, até que ponto a decisão do pai vai contribuir, nesse caso, para o arrependimento do filho, e blá blá blá. Muito pouco se discutiu o lado potencialmente positivo da questão que, na minha opinião, existe. Os educadores têm fundamentado seus discursos nos limites da educação. Têm chamado a atenção para a ineficiência da repressão, para uma a educação sem traumas, para a importância do carinho nas relações entre pais e filhos, e todos esses temas que ilustram bem as capas dos livros do Içami Tiba. Concordo com tudo isso. Mas acho que cada filho é um filho (único!). Não se pode usar a mesma fôrma para enquadrar todos eles.

Primeiro: trata-se de maior de idade, pessoa plenamente capaz, e não é o caso de analisar a conduta do pai como um castigo desmedido. Não foi ele que botou o filho na cadeia para castigá-lo. A prisão foi conseqüência da conduta do próprio filho (e todo mundo sabe as conseqüências de dirigir bêbado). Segundo: se o pai não pagou a fiança porque não quis, está agindo dentro de um direito que a lei lhe confere. Se faz parte dos ensinamentos que ele transmitiu ao filho “não dirigir bêbado” e o filho o fez, ele é munido de discricionariedade para, nessa circunstância, não pagar a fiança. A intenção foi disciplinar, sim, no entanto, proporcional à gravidade da situação.

Agora, se a decisão do pai vai ou não servir de alerta para esse e outros casos, é discussão irrelevante e imprevisível. Mas foi uma tentativa interessante. A disciplina (que pressupõe ponderação e proporcinalidade) é uma excelente forma de educar. Até no caso dos marmanjos.

11.7.07

Família não se escolhe. Será?

É interessante observar os relacionamentos humanos. Algumas pessoas do meu convívio particular simplesmente não sabem tratar bem quem as cerca. Sabem, por outro lado, tratar bem os amigos, os vizinhos, os colegas de trabalho ou de faculdade, mas têm imensa dificuldade em tratar bem a família, em conviver harmoniosamente com aqueles a quem mais deve consideração, respeito e carinho. Para os amigos fazem todos os favores, são prestativos, falam doce, riem à toa. Em casa são mal-humorados, resmungam, estão sempre com preguiça e inventando desculpas. Sabem muito bem exigir, pedir e usufruir, mas não gostam de ajudar, não são prestativos e, sequer, sabem conversar.

Ouvimos por aí que família não se escolhe. Esta afirmação apenas incentiva as pessoas a “aturarem” a família e subjulga as relações familiares à condição de mera obrigação.
Na concepção espírita (nem é preciso ir tão longe, os mais atentos aos relacionamentos humanos devem ter percebido isso), nós convivemos com as pessoas que necessitamos - do ponto de vista evolutivo. A natureza, sabiamente, tem propósito para tudo. O fato de não conhecermos muitas das respostas, não quer dizer que elas não existam. Por isso nós escolhemos, sim, a nossa família. Ninguém é mais responsável por receber (ou ser recebido) em determinado ciclo do que nós mesmos. As pessoas que atraímos, incluindo os familiares , são necessárias ao nosso aprimoramento pessoal. É através delas que a vida nos possibilita exercitar sentimentos como a compreensão, a aceitação, a tolerância e o carinho. Não à toa são os companheiros que a vida nos dá, ou melhor, que nós escolhemos e atraímos ao longo de nossas vidas. A forma como tratamos as pessoas, de modo geral, nesta vida, determinará a família e o círculo de convivência na próxima existência.

Admitir essa possibilidade muda todo o contexto. Muda a forma de aceitarmos e, por decorrência, de tratarmos as pessoas. Acreditar nesta prerrogativa é ponto de partida para uma mudança positiva, que começa de dentro (de casa) para fora.

10.7.07

Em boca fechada não entra mosca

Dia destes, numa mesa de bar, uma pessoa que estuda comigo se pôs a falar da vida alheia. Ela contava para um dos nossos colegas o que a cunhada dele - que também estuda conosco - tinha dito sobre ele, assim: “pois é, quando fostes viajar para a Costa Rica, a tua cunhada me disse que a irmã dela te deu uma prancha de presente. Ela disse que pelo preço que custou, deverias trazer um presente muito bom para a irmã dela! Olha, eu achei um absurdo! A irmã dela te deu um presente esperando que tu fostes dar outro em troca, vê se pode? E ela me disse isso não foi só uma vez, não. Todo dia ela vinha com essa história.” E fez cara de alívio, de quem pensava estar prestando uma informação de utilidade pública.
Eu, da mesa ao lado, ouvi a conversa. E senti um frio na espinha! Pensei mil coisas que pudesse dizer naquela hora para que eles mudassem de assunto e para que ela percebesse a falta de propósito e de bom senso do comentário (afinal, a pessoa de quem ela falava, além de ser cunhada dele, é conhecida de todos nós e estava ausente). A minha vontade secreta era dar uma lição de moral, dizer que era mais importante ela cuidar da vida dela, que esse tipo de comentário, além de não acrescentar nada, ainda poderia gerar um conflito, enfim... mas fiquei quieta. Lembrei do proposital ditado, que serve, inclusive, para mim: “em boca fechada não entra mosca”. Eis que ela continuou a conversa e perguntou a ele: “tu já me vistes falar mal de alguém? Já vistes? Se tem uma pessoa que não fala de ninguém sou eu!” E o nosso colega me olhou de lado e fez cara de quem pede socorro. Eu, simplesmente, levantei da mesa.
Dentre o vasto anedotário popular, se existe um ditado que é realmente importante e vale a pena ser exercitado é: “em boca fechada não entra mosca”! Em caso de dúvida (falo ou não falo?) é sempre o melhor que se tem a fazer, acredite.

6.7.07

A este respeito...

Sabe por que é tão difícil exercitar o respeito? Porque muitas pessoas não o conhecem.

O respeito faz parte daquele rol de atributos que demonstram a polidez de um ser humano, a evolução de um povo, o desenvolvimento de uma nação. É um valor capaz de mudar o mundo! Mas enquanto muita gente não souber o que ele significa, de verdade, não tem chances de executar.

As pessoas pensam que sabem respeitar, mas aceitam e propagam a idéia equivocada de que o respeito é um dever que os filhos têm com relação aos pais, os empregados com os empregadores, os mais novos com os mais velhos. Pelo contrário, são verdadeiramente capazes de respeitar aqueles que começam percorrendo o caminho inverso. Respeito deve, inclusive, o diretor da empresa ao porteiro do prédio, o superior hierárquico à sua secretária, os governantes aos governados, os adultos às crianças, o reitor da universidade aos acadêmicos, o presidente ao cidadão.

O respeito é devido a todas as pessoas e independe de hierarquia, grau de escolaridade, idade ou qualquer outro fator. Deve ser oferecido e exigido na mesma proporção e para todas as pessoas. Deve andar em todos os sentidos, entrar em todas as casas, fazer parte de todas as situações.

É incapaz de respeitar quem não se coloca no lugar do outro, quem não compreende os limites dos relacionamentos humanos e não entende que, sob esse aspecto, todos são iguais.

Temos nas mãos as ferramentas necessárias para a construção de uma sociedade rica (em amplo sentido) e o respeito é umas delas. Entretanto, o respeito social não consegue ser efetivado, porque grande parte das pessoas sabe exigí-lo, mas ainda não aprendeu a ofertá-lo.