A visita à tribo Himba foi culturalmente muito rica. Só o fato de tratar-se de uma comunidade nômade, que em pleno século XXI (com todas as facilidades e confortos da modernidade) ainda cultiva hábitos de vida rudimentares, já é de se admirar. Quer dizer, rudimentar até certo ponto, porque quando ofereci água a uma das crianças, ela perguntou se não tinha Fanta (!). Isso me fez divagar sobre a responsabilidade que nós, turistas, temos nessa contaminação cultural. De toda forma, embora os Himba tenham se acostumado à especulação turística por serem a atração de Kamanjab, o legado cultural é bem protegido, caso contrário, não teria resistido ao contato com a civilização. Na aldeia fomos recebidos por um intérprete, que traduzia do idioma da tribo para o inglês, mas eu fiquei mais entretida em brincar com as crianças e captar boas imagens do que em ouvir todas as explicações, então me dispersei do grupo para explorar a aldeia do meu jeito. As mulheres Himba supervalorizam a beleza e passam o dia se enfeitando. Além dos adornos de osso, pele e dente de animal, elas passam no corpo uma mistura de gordura com ochre powder, para ficar com a pele vermelha. Quanto mais vermelho, mais bonito segundo os padrões Himba, por isso elas refazem a maquiagem várias vezes ao dia. Os Himba nunca tomam banho. A água que conseguem é para fazer comida. O consumo é subsistente, mas para não desperdiçar o fluxo turístico, vendem artesanato. Além de cobrarem caro, não abrem espaço para pechincha ou negociação. Eles se sentem enganados quando aguém tenta lhes convencer de baixar o preço e, no fundo, acho que eles têm razão. Não vi homens na aldeia. Como eles são responsáveis pela caça, estavam fazendo o seu trabalho. E não demorou muito para uma das mulheres trazer na cabeça um carcaça de animal. Bom, decidi terminar esse relato por aqui. Vou deixar que as imagens falem por si, porque elas têm muito a dizer.


