Quem sou eu

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Nasci em Floripa, vivo em Miami e sou apaixonada pela África. Adoro viajar e explorar novas culturas. Tenho especial interesse pelas diferenças. Este é o meu caderno de 'viagens' aberto ao publico. Seja bem-vindo (a)!

31.7.11

DAY 9 - HIMBA TRIBES

A visita à tribo Himba foi culturalmente muito rica. Só o fato de tratar-se de uma comunidade nômade, que em pleno século XXI (com todas as facilidades e confortos da modernidade) ainda cultiva hábitos de vida rudimentares, já é de se admirar. Quer dizer, rudimentar até certo ponto, porque quando ofereci água a uma das crianças, ela perguntou se não tinha Fanta (!). Isso me fez divagar sobre a responsabilidade que nós, turistas, temos nessa contaminação cultural. De toda forma, embora os Himba tenham se acostumado à especulação turística por serem a atração de Kamanjab, o legado cultural é bem protegido, caso contrário, não teria resistido ao contato com a civilização. Na aldeia fomos recebidos por um intérprete, que traduzia do idioma da tribo para o inglês, mas eu fiquei mais entretida em brincar com as crianças e captar boas imagens do que em ouvir  todas as explicações, então me dispersei do grupo para explorar a aldeia do meu jeito. As mulheres Himba supervalorizam a beleza e passam o dia se enfeitando. Além dos adornos de osso, pele e dente de animal, elas passam no corpo uma mistura de gordura com ochre powder, para ficar com a pele vermelha. Quanto mais vermelho, mais bonito segundo os padrões Himba, por isso elas refazem a maquiagem várias vezes ao dia. Os Himba nunca tomam banho. A água que conseguem é para fazer comida. O consumo é subsistente, mas para não desperdiçar o fluxo turístico, vendem artesanato. Além de cobrarem caro, não abrem espaço para pechincha ou negociação. Eles se sentem enganados quando aguém tenta lhes convencer de baixar o preço e, no fundo, acho que eles têm razão. Não vi homens na aldeia. Como eles são responsáveis pela caça, estavam fazendo o seu trabalho. E não demorou muito para uma das mulheres trazer na cabeça um carcaça de animal. Bom, decidi terminar esse relato por aqui. Vou deixar que as imagens falem por si, porque elas têm muito a dizer.

18.7.11

DAY 8 – SPITZKOPPE

O Jeff apontou para uma das montanhas, ao final da estrada de terra, e disse que lá seria o nosso acampamento. Não havia camping, não tinha estrutura, mas era um lugar onde qualquer um teria vontade de estender o seu colchão. As montanhas eram como ilhas, isoladas na planície, e de longe pareciam aqueles castelos que a gente faz deixando os pingos de areia molhada escorrerem entre os dedos. À medida que nos aproximávamos, as rochas se contorciam em novos formatos, parecendo nuvens modelando figuras engraçadas. Além da excentricidade da geografia, que eu não conseguiria descrever com a merecida precisão, a energia do lugar era demais! Talvez por conta dos dez milhões de anos entre aquele dia e o vulcão gigante que dizem ter entrado em colapso e criado as Erongo Montains. Inacreditável. Tive vontade de sair correndo pelos campos, de brincar. Adorei saber que dormiríamos ali, com as rochas garantindo a segurança noturna, muito embora não houvesse a menor ameaça. Minha animação era tanta que a ausência de banheiro não conseguiu abafar. Fui direto montar a barraca. Àquela altura eu estava craque, montei sozinha em cinco minutos! E antes de dar uma volta para explorar outras maravilhas escondidas na paisagem, resolvi estacionar meu colchão na sombra e respirar um pouco de Spitzkoppe. Eu queria que meu pai visse aquilo, ele ficaria maravilhado. Céu azul, canto dos pássaros, o sol me esquentando como um abraço, eu no meio da selva africana, sem preocupação e sem perigo. Ou, como diria aquela música da Baby Consuelo, 'sem pecado e sem juízo'. À noite o Jeff assou peixe com batatas na fogueira, como se fosse um truque. Não parecia ser possível aquele peixe surgir ali, tão gostoso e bem temperado, nem combinava com o cenário, mas surgiu, bem na hora da fome. Depois do jantar, os interessados (que contribuíssem $$$), poderiam assistir a uma apresentação nativa. Tudo ali, a céu aberto, nós sentados em círculo nas cadeirinhas de camping. Na primeira parte, em que nos serviram cerveja artesanal (quente) e nos puxaram para dançar em roda, eu me perguntei, 'o que eu estou fazendo aqui?'. Mas na hora em que começaram a cantar 'The Lion sleep tonight' http://www.youtube.com/watch?v=AY2HPvoqSTE, parei de espraguejar em pensamento e me entreguei à experiência. Eu e todo o resto. Não teria trilha sonora mais perfeita. A voz da cantora, o céu estrelado, o astral daquele lugar e talvez o efeito da cerveja nos hipnotizaram. Naquela noite, quem quisesse poderia dormir ao relento. Eu, bom, vou confessar, não cogitei a hipótese porque tenho medo do jackal... O trio de holandesas resolveu ir além e dormiu dentro da caverna. Uma delas acordou sentindo um bafo quente na cara. Era um jackal lambendo seu rosto. Conta ela que simplesmente empurrou-o para o lado, deu as costas e voltou a dormir. 'Stupid jackal', pensou. Gente destemida é outra coisa.












11.7.11

SKYDIVING EXPERIENSE














Almoçamos no backpacker e às 14h o instrutor veio nos buscar para o skydiving. Comecei a sentir um ligeiro frio na barriga, mas não era nada parecido com medo, era ansiedade e vontade de enfrentar o desafio, por incrível que pareça! Segui o conselho do Vini, que me dizia: 'don’t think about, just do it'.  O segredo é não ficar imaginando como será, é simplesmente não pensar, só ir. O local era descontraído, tinha cara de albergue. Lá recebemos as instruções e tomamos uma dose de tequila. Quando a van veio nos buscar para levar ao local da decolagem, estávamos eufóricos. O problema é que a espera foi me angustiando. Esperei praticamente a tarde toda pela minha vez. Fui a última a ser chamada e o sol já estava se pondo. Só depois eu entendi que na verdade isso foi um prêmio. Entramos, eu e a Yun (da Coreia do Sul), no aviãozinho, cada uma com seus instrutores e camera men próprios, que pulariam conosco para filmar nossos saltos. Além de nós, o piloto e não havia lugar para mais ninguém. Todos sentados no chão, encaixados como peças de lego para poder caber no aviãozinho. Então, finalmente, decolamos. Antes do salto ficamos cerca de 20 minutos ganhando altitude e fizemos um voo panorâmico da área. Quando um dos instrutores conferiu as condições numa espécie de relógio de pulso e fez um sinal, eu entendi que era a hora. Primeiro pulou a Yun e alguns segundos depois, pulei eu. A portinha do minúsculo avião se abriu, o camera man se posicionou e eu coloquei as pernas para o lado de fora. Dei um tchauzinho para a câmera e senti o impulso do instrutor, preso às minhas costas, me empurrar. Atirei-me em queda livre a 10 mil pés do chão. Os primeiros quatro segundos foram de medo, mas eles duraram tempo suficiente apenas para me lembrar que eu estava viva! É aquele frio na barriga que só quem se arrisca sente. E só quem sente sabe o quanto vale à pena! São sentimentos que a vida normal não nos possibilita. Nos próximos segundos, uma intensa sensação de liberdade interrompeu qualquer medo. Um vento muito forte na cara, o mundo lá embaixo e eu pensando: isso é que é viver! Quando o kite se abre, a gente sente um tranco puxando para trás e paira no ar, como fazem os pássaros quando parece que o vento os empurra. Nesse instante ouvi o silêncio muito alto e senti uma brisa quente bater no meu rosto. Uma deliciosa sensação de voar. É a palavra liberdade em sua plenitude. É sentir-se um anjo, vendo tudo lá do céu, ou um superherói. De um lado o deserto, de outro lado o mar e acima de tudo isso, eu, me sentindo literalmente 'por cima'. O entardecer me rendeu lindas fotos. A luminosidade do dia estava perfeitamente regulada para o meu momento. Começamos a perder altitude e eu pude manobrar o kite, fazendo ziguezague. Quando o instrutor retomou o comando, fez uns spinnings que me deixaram meio tonta. Àquela altura o mundo lá embaixo, que parecia uma maquete, foi  ficando mais nítido. Quanto mais descia, mais eu reconhecia as casas, os carros, e finalmente o campo onde pousaríamos. Poucos minutos antes de tocar o chão eu gargalhava! Quando pude ouvir a voz do Vito dizer, lá de baixo, 'come on Bella', senti que estava acabando... Quando os meus pés tocaram o chão, além de feliz, eu estava orgulhosa de mim. Meu coração sorria, minha alma era só felicidade! Foi praticamente uma experiência religiosa, que revelou a minha coragem, o meu potencial, a minha crença e todas as sensações que a vida pode me dar se eu estiver disposta a arriscar, sem medo de ser feliz.

3.7.11

DAYS 6 AND 7 – SWAKOPMUND – NAMIBIA

Seguimos viagem até o templo dos esportes de aventura, a cidadezinha de Swakopmund. No caminho tirei uma das fotos que mais me orgulham, a da placa do Trópico de Capricórnio. Só grandes aventureiros tem uma foto dessas. E eu nunca imaginei que fosse uma, mas adorei a experiência! A cidade é de colonização germânica, bem acolhedora e naquela noite não precisamos montar a barraca, ficamos num hostel. O Jeff também não precisou cozinhar, jantamos num restaurante. Emendamos várias mesas e sentamos todos juntos.  A amizade se fortalecia. A animação também, o que automaticamente nos motivou a um after dinner. Paramos na única balada que encontramos, que talvez fosse a única da cidade. Depois de umas brincadeirinhas etílicas, daquelas em que os distraídos (eu!) são os primeiros a ficar bêbados, fizemos a balada acontecer.  Digo fizemos, pois ninguém que não fosse do grupo estava na mesma vibe. Eu vestia vestido e botei um legging por baixo para não sentir frio nas pernas, um look a cara do meu momento 'despreocupação total'. A noite foi daquelas que começam absolutamente despretensiosas e terminam inacreditavelmente divertidas! Até formei um pax de deux com o Bart, holandês, 19 anos, que tamanha a sincronia pareceu tudo ensaiado. Só saímos da pista quando fechou. Eu estava no último grupinho a deixar a boate e fomos caminhando pela rua, falando, rindo  e cumprindo em meia hora um trajeto que deveria ser de dez minutos, tentando esticar um pouco mais aquela noite legal. Até então eu não tinha certeza se pularia de paraquedas no dia seguinte, mas a noite me fez ver o quanto era importante eu aproveitar tudo o que eu podia. Acordei decidida a fechar o pacote skydiving, sandboarding e quadbiking. No quadbiking escolhi o speedy group, porque dirigir só é bom quando é rápido! Correr de quadriciclo pelas dunas, com toda a liberdade do mundo deu vontade de rir e cantar e falar sozinha e mais uma vez mandar um 'obrigada, Senhorrrr pela vida!'.  Lembrei das amigas e da família e pensei que por mais que eu explicasse e mostrasse as fotos, eles não iriam entender o que eu estava sentindo. Então eu tinha que viver. E vivi. O sandboarding deu mais medo. Na hora em que deitei na prancha vi que a duna era muito maior e mais íngreme daquele ângulo,  pensei em desistir. Mas como eu era a primeira e tinha uma fila de gente me olhando, não quis fazer fiasco. Fui! Os primeiros segundos me assustaram, porque a sensação é que a gente não sabe onde vai parar, mas considerando que não tinha nada além de areia ao meu redor, eu realmente não tinha o que temer. Então, curti os breves segundos que pareceram minutos, apesar da velocidade. Quando cheguei lá embaixo, quis subir a segunda e a terceira vez. Só não fui a quarta porque as minhas pernas não aguentaram mais a subia. Adrenalina às vezes é remédio, quer dizer, sempre! Next subject: skydiving.




Eu, Birgit (Austria), Kerstin (Austria), Julia (Alemanha), Yun (Coreia do Sul)



Foto cedida pelo Vito Selma (Filipinas)