As viagens com a Nomad são todas diurnas, porque tão interessante quanto chegar aos pontos almejados é o trajeto em si. Aliás, é no caminho que se escondem as melhores surpresas. O Fisher River Canyon é o mais antigo do mundo, com 2.600 milhões de anos. A geografia é um espetáculo natural, que nos faz acreditar em deus, numa uma força maior que esculpiu cuidadosamente tudo aquilo, tamanha a perfeição de cada curva do vale. Antes disso, atravessamos o Moon Valley, que dispensa explicações, porque o próprio nome já diz com o que se parece e parece muito! Enquanto o buddy sacolejava devagar pela estrada, nós nos amontoávamos próximo à janela, esperando a hora que o Jeff nos liberaria para explorar o mundo lá fora. Antes de chegarmos ao camping, paramos à beira do vale, onde havia uma cabana e um mirante. O sol ia se pondo e colorindo o horizonte de vermelho. Só aquele espetáculo já tinha feito a viagem valer à pena. Enquanto esperávamos a janta, tivemos todo o tempo para ajustar as nossas máquinas fotográficas ao melhor ângulo, tentando congelar aquela cena para nunca mais esquecer. E comemos ali, ao ar livre, enquanto a noite caía. Ao nosso redor, nada além da paisagem plana das savanas. Acima de nós, nada além das estrelas. Nenhum som, vento ou perigo. Sentia-me protegida e cuidada pela natureza. Aquela noite foi a mais fria da viagem. No clima desértico da Namíbia os dias são muito quentes e as noites, muito frias. Pedi para o Jeff uma chaleira de água quente e tomei um banho de caneca, roxa, batendo o queixo, mas tomei um banho! Antes que mais alguém pudesse reivindicar o mesmo direito, o Jeff cortou o barato para que não ficássemos sem água no reservatório. O meu banho estava garantido, graças a Deus. Era a lei da sobrevivência! Chegando ao acampamento, montamos as barracas e sentamos ao redor da fogueira. O frio era de doer. Cheia de roupa, cachecol e enrolada no cobertor, eu só conseguia esquentar a parte da frente do corpo, a que estava virada para o fogo, as costas gelavam. Àquela altura nos conhecíamos um pouco melhor e a conversa fluía bem. O sono foi batendo, mas eu adiei o quanto pude a ida para a barraca para não me afastar do calor. Chamávamos o fogo de bush TV, já que sempre alguém era pego com o olhar vidrado, como se estivesse vendo alguma coisa que ninguém mais via. Descobri que o fogo tem esse poder. Nessa hora, sentindo o corpo dormente de frio, a Elza, neozelandesa, perguntou, 'anybody else missing fingers?'. E o Ben, inglês, que não tinha um braço, respondeu 'me', sorrindo para nós. A naturalidade do Ben me fez ter uma crise de riso. Nessa hora decidi me recolher ao meu sleepbag, já que simplesmente não consegui mais parar de rir. Próximo ponto: Naukluft National Park, quase no deserto da Namíbia.
Quem sou eu
- Ambelle B. Schmidt
- Nasci em Floripa, vivo em Miami e sou apaixonada pela África. Adoro viajar e explorar novas culturas. Tenho especial interesse pelas diferenças. Este é o meu caderno de 'viagens' aberto ao publico. Seja bem-vindo (a)!
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