Três vezes por semana eu brinco de ser garçonete, o que além de me render algum trocado, rende também boas histórias.
Para os clientes do bar eu sou Bella, a garçonete brasileira. Quando chega alguém diferente perguntando quem eu sou, um deles sempre se adianta em responder: “Bella is brazilian”, como se estivesse denotando alguma qualidade.
Denis, um senhor careca, de óculos quadrados, detetive aposentado, esteve no Brasil em 1978, no ano em que eu nasci. Cada vez que me conta a história, repete “Salvadordabahia” como se fosse uma palavra só. O que ele mais chamou a atenção dele em Salvador foram os cantores de música ao vivo tocando violão nas calçadas. Por enquanto ele se contenta com a nossa velha e desatualizada jukebox, enquanto sonha um dia voltar a ouvir o som de Salvador.
O Derek trabalha com compra e venda de diamantes. Ex-fumante e ex-alcoolatra, hoje vem ao bar diariamente para beber uma latinha de cool drink. A lata custa R9.50 e ele deixa R20.00 de gorjeta, sempre. Ontem me trouxe também um ovo de Páscoa. Ele parou de beber e fumar depois de um enfarto e também porque cansou de perder dinheiro trabalhando de ressaca. Avaliar diamantes com 30 doses de tequila no sangue, definitivamente, não devia ser um bom negócio. Hoje ele faz academia, joga futebol, não bebe, não fuma e também não se preocupa com a origem dos diamantes. Cada um que faça a sua parte, pontua ele.
O Michel normalmente chega no bar com aparência de quem levou uma surra. E levou mesmo. Desde que começou a praticar jiu-jitsu, vive com dores no corpo. Ele tem o costume de passar o tempo todo em frente a uma máquina de jogos eletrônicos, mas ultimamente tem precisado levantar algumas vezes para se alongar. Na sua última estada no bar, pediu papel e caneta e me escreveu um poema.
When God breaths away/ your tired lies/ kisses awake/ your dreamy eyes/ and paints the heavens/ with compromise/ you’ll lift your head/ you’ll drink the sun/ your heart has space/ for everyone.
Wanco trabalha no Tiger Tiger, um barco que sai diariamente do Waterfront levando turistas para apreciar o por do sol. Só existe uma coisa que pode ser melhor do que assistir ao sunset em Sea Point. Assistir de um barco, no meio do mar, bebendo champagne. Um dia ele me pediu para cantar uma 'brazilian song'. E lá fui eu batucar um samba no balcão. No dia seguinte levei um cd que gravei para ele e acho que ele pensou que eu estava dando mole. Quando ganhou do chefe um jantar num restaurante, veio todo animado me convidar pra ir junto. Comi a melhor pasta de C.T., de frente para a Beach Rd., ao ar livre, olhando as estrelas. Olhando as estrelas para disfarçar e tentar deixar bem claro que era só amizade.
Para os clientes do bar eu sou Bella, a garçonete brasileira. Quando chega alguém diferente perguntando quem eu sou, um deles sempre se adianta em responder: “Bella is brazilian”, como se estivesse denotando alguma qualidade.
Denis, um senhor careca, de óculos quadrados, detetive aposentado, esteve no Brasil em 1978, no ano em que eu nasci. Cada vez que me conta a história, repete “Salvadordabahia” como se fosse uma palavra só. O que ele mais chamou a atenção dele em Salvador foram os cantores de música ao vivo tocando violão nas calçadas. Por enquanto ele se contenta com a nossa velha e desatualizada jukebox, enquanto sonha um dia voltar a ouvir o som de Salvador.
O Derek trabalha com compra e venda de diamantes. Ex-fumante e ex-alcoolatra, hoje vem ao bar diariamente para beber uma latinha de cool drink. A lata custa R9.50 e ele deixa R20.00 de gorjeta, sempre. Ontem me trouxe também um ovo de Páscoa. Ele parou de beber e fumar depois de um enfarto e também porque cansou de perder dinheiro trabalhando de ressaca. Avaliar diamantes com 30 doses de tequila no sangue, definitivamente, não devia ser um bom negócio. Hoje ele faz academia, joga futebol, não bebe, não fuma e também não se preocupa com a origem dos diamantes. Cada um que faça a sua parte, pontua ele.
O Michel normalmente chega no bar com aparência de quem levou uma surra. E levou mesmo. Desde que começou a praticar jiu-jitsu, vive com dores no corpo. Ele tem o costume de passar o tempo todo em frente a uma máquina de jogos eletrônicos, mas ultimamente tem precisado levantar algumas vezes para se alongar. Na sua última estada no bar, pediu papel e caneta e me escreveu um poema.
When God breaths away/ your tired lies/ kisses awake/ your dreamy eyes/ and paints the heavens/ with compromise/ you’ll lift your head/ you’ll drink the sun/ your heart has space/ for everyone.
Wanco trabalha no Tiger Tiger, um barco que sai diariamente do Waterfront levando turistas para apreciar o por do sol. Só existe uma coisa que pode ser melhor do que assistir ao sunset em Sea Point. Assistir de um barco, no meio do mar, bebendo champagne. Um dia ele me pediu para cantar uma 'brazilian song'. E lá fui eu batucar um samba no balcão. No dia seguinte levei um cd que gravei para ele e acho que ele pensou que eu estava dando mole. Quando ganhou do chefe um jantar num restaurante, veio todo animado me convidar pra ir junto. Comi a melhor pasta de C.T., de frente para a Beach Rd., ao ar livre, olhando as estrelas. Olhando as estrelas para disfarçar e tentar deixar bem claro que era só amizade.