Quem sou eu

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Nasci em Floripa, vivo em Miami e sou apaixonada pela África. Adoro viajar e explorar novas culturas. Tenho especial interesse pelas diferenças. Este é o meu caderno de 'viagens' aberto ao publico. Seja bem-vindo (a)!

5.9.11

DAYS 12 AND 13 – WINDHOEK, "INSANE GOODBYE PARTY"

Seria em Windhoek, a capital da Namibia - cidade onde é produzida a cerveja de mesmo nome, diga-se, a minha preferida - , que eu me despediria do grupo e pegaria um voo de volta para Cape Town. Aliás, foi lá que, tomando umas Windhoeks, uma das festas mais loucas da minha vida aconteceu, a festa que eu chamei de 'insane goodbye party'. Primeiro, saímos para jantar no Joes, um lugar astral para caramba que, sei lá, tinha uma energia! Quando voltamos para o backpacker, ninguém queria dormir. A última noite tinha cara de último dia de férias escolares, eu rezava para que não acabasse. As piores roubadas já estavam virando as melhores histórias, rápido assim. O bar do bpck já tinha fechado, mas negociamos a rendição do funcionário e conseguimos ficar mais algumas horas bebendo. Bebida + baralho resultaram numa brincadeirinha animada que, claro, deixou todo mundo louco rapidinho. Quando o funcionário realmente teve que ir, assumi o balcão (experiência profissional adquirida em CT) e preparei uns sprinboks, big fives, Jägerbombs, shots de tequila e quando faltava ideia, eu misturava tudo. En-lou-que-ce-mos! Foi um 'Se beber, não case' versão africana. Não fiz uma tatuagem na cara, mas ganhei um beijo na boca... de uma meninaaaaa! Um batom vermelho surgiu no balcão e o desafio era passar sem borrar, àquela altura, impossível. Pronto, foi a deixa para a Lily me pegar desprevenida, segurar a minha cabeça e tascar um selinho na minha boca. O mais incrível foi ter dado tempo para o Vito bater uma foto, não sei como, só sei que é impublicável. Aliás, nenhuma foto saiu normal. Quando senti o 'flash', gelei. Mas no final, eu só conseguia rir. Encaramos diversão na plenitude da palavra, com to-tal despreocupação. O Vito e a Judith deitaram no chão com a cabeça dentro da piscina, enquanto o Jef tentava descobrir quem tinha arranhado o seu pescoço. A Kerstin, que nunca tinha tomado um porre, tomou o maior da vida dela (e de todos nós juntos) cuja ressaca foi igualmente grande. E no final da festa, nos atiramos na piscina num frio de 5 graus. Lembrei de tirar o casaco, mas esqueci de tirar os sapatos. O frio durou uns 3 dias dentro de mim. Terminei a noite comendo pizza com o Vito enrolada num cobertor. Assim, eu me despedi da melhor viagem de aventura que eu poderia ter feito na vida e que marcou como uma das escolhas mais especiais. Eu optei por mim e quando a gente opta por si, pela própria felicidade, não tem erro. Saudade boa e amigos arround the world foram os tesouros que essa viagem me deixou de lembrança. ;o)

TO PLAY: Cada um tem um bolinho de cartas. Um por um joga a sua na mesa. Quando alguma carta repetir a que acabou de ser jogada, executa-se a tarefa correspondente. Tudo muito rápido. Quem bobear e não fizer, bebe também.

2 YOU
3 ME
4 WHORES (ALL GIRLS)
5 FUCK YOU
6 DICKS (ALL BOYS)
7 7-UP
8 CARLTON (DANCE)
9 BUST A RHYME
10 NEVER EVER HAVE I EVER
J MAKE A RULE
Q QUESTIONS
K CATEGORIES
A WATERFALL (EVERYONE DRINKS)

 












3.9.11

DAY 11 - GAME AT ETOSHA

Hoje é dia de safari! Partimos rumo à selva com o Buddy, nosso caminhão companheiro, mas é possível fazer em carros ou caminhonetes fechadas, desde que respeitadas algumas regras, entre elas, jamais sair do veículo. Então você escolhe uma trilha e fica à vontade para se perder pela savanas e só voltar depois de ver os 'big five'. Reza a lenda que safari completo é aquele em que a pessoa avista os cinco maiores: elefante, leopardo, leão, búfalo e rinoceronte. A julgar por essa regra, meu game não foi completo (faltaram o leopardo e o búfalo), mas no meu conceito ele foi nota dez, mesmo assim. Explorando as savanas vimos pássaros coloridos, muitos sprinboks, kudus, blue striped beast (joga aí no Google), manadas de zebras, as girafas (normalmente sozinhas, avistadas por cima das copas das árvores), rinocerontes, hipopótamos, hienas, chacais e, claro, os leões, que me fizeram entender por que são tão respeitados. Não vimos nenhuma caçada, o que demanda tempo, paciência e sorte. E por pouco nós mesmos não fomos a presa de um leão desconfiado. Quando o avistamos de longe, paramos o Buddy. O Shad desligou o motor e ficamos na espreita. Acontece que era ele quem estava interessado em nos observar. Veio vagarosamente na direção do Buddy e deu uma volta completa ao nosso redor, encarando-nos com ar de superioridade como se perguntasse, 'what a f*** are you doing here?', fazendo-nos admitir que a inteligência humana não vale muito diante da bravura do rei da selva. E nós, sentindo a descarga de adrenalina correr pelo corpo, ficamos aliviados quando ele deu as costas e foi embora. Acho que já tinha almoçado.









2.9.11

DAY 10 – ETOSHA NATIONAL PARK

Eu nada sabia sobre os safaris, mas tive a sorte de o acaso me apresentar uma excelente opção. A viagem para a Namibia incluía um game no Etosha National Park, uma reserva de 22.270 km2 de natureza selvagem tipicamente africana. Até então, tudo o que eu sabia é que o Kruger Park era o game reserve mais conhecido da África do Sul. Quem queria fazer um safári de verdade, deveria ir ao Kruger. Tive uns amigos que fizeram games em reservas pequenas, dentro de Cape Town, e saíram decepcionados, dizendo que parecia circo de interior, com animais semi-domesticados, alimentados pelos funcionários, para que nesses momentos pudessem ser vistos pelo público. Só que o interessante é presenciar cenas do cotidiano da selva, ver os animais no habitat natural, tipo um leão devorando uma zebra ou uma girafa dando à luz uma girafinha. É isso que a gente quer, é Nat Geo na veia! Nesse caso, o Etosha superou as expectativas. Oferece camping e acomodações com excelente infraestrutura, inseridos na selva, só que sem interferir no comportamento dos animais. O trunfo são os waterholes, espelhos d’água onde os animais vão constantemente matar a sede. Em um deles, em especial, vários animais se encontram, com hora marcada, na calada da noite. A iluminação foi projetada para que não percebam a nossa presença, escondidos na arquibancada, atrás do alambrado. Também é preciso fazer silêncio para não assustá-los. E aos poucos eles vêm chegando, os hippos, as zebras, os rinos, a família elefante para beber água e tomar banho. É a natureza nua, ao vivo e em cores, excitando a plateia. Impossível permanecer indiferente à excentricidade da fauna africana. É um tipo de contentamento que torna as coisas mais naturais, as mais preciosas da vida. Na manhã do dia seguinte, o game propriamente dito.


Nos waterholes é sempre mais fácil encontrar os animais em seu cotidiano na selva

As zebras, sempre em manadas

O tal blue stripped beast

Um elefante à minha esquerda e dois à direita, vindo beber água

O camping onde nos instalamos. O parque oferece piscinas, salas de jogos, restaurantes, lojas etc

Regra n. 1: Do not feed wild animals

21.8.11

DAY 9 – HIMBA TRIBES PART 2






Depois de brincar com as crianças da tribo e voltar para o acampamento pintada de ochre powder, assisti ao sunset de camarote. Enquanto o sol armava uma despedida em vermelho e preto, nós nos amontoávamos para não sentir frio, porque descer a rocha para ir buscar um cobertor, ninguém queria - e nem era prioridade diante de um por do sol daqueles. O Shad se mostrou um excelente fotógrafo e disse que aprendeu a operar câmeras profissionais tirando fotos dos turistas. Já era escuro quando descemos e, logo ali embaixo, a fogueira estava pronta. Pela primeira vez comi churrasquinho de mashmellow ao redor de uma fogueira, como nos desenhos do Zé Colmeia. O mashmellow em si nem tem graça, mas o ritual de sentar todo mundo junto, cada um assando o seu churrasquinho, fincado num graveto, enquanto alguém conta uma história engraçada e todos se divertem, isso sim é gostoso. Desnecessário dizer que eu me sentia realizada, porque acho que a felicidade está desenhada no meu rosto. É a descontração que deixa a pessoa fotogênica. É a energia que ela emana quando sorri com o coração. Eu me sentia completa, à vontade, dentro de mim. A África tem esse poder. Amanhã é dia de safári!

31.7.11

DAY 9 - HIMBA TRIBES

A visita à tribo Himba foi culturalmente muito rica. Só o fato de tratar-se de uma comunidade nômade, que em pleno século XXI (com todas as facilidades e confortos da modernidade) ainda cultiva hábitos de vida rudimentares, já é de se admirar. Quer dizer, rudimentar até certo ponto, porque quando ofereci água a uma das crianças, ela perguntou se não tinha Fanta (!). Isso me fez divagar sobre a responsabilidade que nós, turistas, temos nessa contaminação cultural. De toda forma, embora os Himba tenham se acostumado à especulação turística por serem a atração de Kamanjab, o legado cultural é bem protegido, caso contrário, não teria resistido ao contato com a civilização. Na aldeia fomos recebidos por um intérprete, que traduzia do idioma da tribo para o inglês, mas eu fiquei mais entretida em brincar com as crianças e captar boas imagens do que em ouvir  todas as explicações, então me dispersei do grupo para explorar a aldeia do meu jeito. As mulheres Himba supervalorizam a beleza e passam o dia se enfeitando. Além dos adornos de osso, pele e dente de animal, elas passam no corpo uma mistura de gordura com ochre powder, para ficar com a pele vermelha. Quanto mais vermelho, mais bonito segundo os padrões Himba, por isso elas refazem a maquiagem várias vezes ao dia. Os Himba nunca tomam banho. A água que conseguem é para fazer comida. O consumo é subsistente, mas para não desperdiçar o fluxo turístico, vendem artesanato. Além de cobrarem caro, não abrem espaço para pechincha ou negociação. Eles se sentem enganados quando aguém tenta lhes convencer de baixar o preço e, no fundo, acho que eles têm razão. Não vi homens na aldeia. Como eles são responsáveis pela caça, estavam fazendo o seu trabalho. E não demorou muito para uma das mulheres trazer na cabeça um carcaça de animal. Bom, decidi terminar esse relato por aqui. Vou deixar que as imagens falem por si, porque elas têm muito a dizer.

18.7.11

DAY 8 – SPITZKOPPE

O Jeff apontou para uma das montanhas, ao final da estrada de terra, e disse que lá seria o nosso acampamento. Não havia camping, não tinha estrutura, mas era um lugar onde qualquer um teria vontade de estender o seu colchão. As montanhas eram como ilhas, isoladas na planície, e de longe pareciam aqueles castelos que a gente faz deixando os pingos de areia molhada escorrerem entre os dedos. À medida que nos aproximávamos, as rochas se contorciam em novos formatos, parecendo nuvens modelando figuras engraçadas. Além da excentricidade da geografia, que eu não conseguiria descrever com a merecida precisão, a energia do lugar era demais! Talvez por conta dos dez milhões de anos entre aquele dia e o vulcão gigante que dizem ter entrado em colapso e criado as Erongo Montains. Inacreditável. Tive vontade de sair correndo pelos campos, de brincar. Adorei saber que dormiríamos ali, com as rochas garantindo a segurança noturna, muito embora não houvesse a menor ameaça. Minha animação era tanta que a ausência de banheiro não conseguiu abafar. Fui direto montar a barraca. Àquela altura eu estava craque, montei sozinha em cinco minutos! E antes de dar uma volta para explorar outras maravilhas escondidas na paisagem, resolvi estacionar meu colchão na sombra e respirar um pouco de Spitzkoppe. Eu queria que meu pai visse aquilo, ele ficaria maravilhado. Céu azul, canto dos pássaros, o sol me esquentando como um abraço, eu no meio da selva africana, sem preocupação e sem perigo. Ou, como diria aquela música da Baby Consuelo, 'sem pecado e sem juízo'. À noite o Jeff assou peixe com batatas na fogueira, como se fosse um truque. Não parecia ser possível aquele peixe surgir ali, tão gostoso e bem temperado, nem combinava com o cenário, mas surgiu, bem na hora da fome. Depois do jantar, os interessados (que contribuíssem $$$), poderiam assistir a uma apresentação nativa. Tudo ali, a céu aberto, nós sentados em círculo nas cadeirinhas de camping. Na primeira parte, em que nos serviram cerveja artesanal (quente) e nos puxaram para dançar em roda, eu me perguntei, 'o que eu estou fazendo aqui?'. Mas na hora em que começaram a cantar 'The Lion sleep tonight' http://www.youtube.com/watch?v=AY2HPvoqSTE, parei de espraguejar em pensamento e me entreguei à experiência. Eu e todo o resto. Não teria trilha sonora mais perfeita. A voz da cantora, o céu estrelado, o astral daquele lugar e talvez o efeito da cerveja nos hipnotizaram. Naquela noite, quem quisesse poderia dormir ao relento. Eu, bom, vou confessar, não cogitei a hipótese porque tenho medo do jackal... O trio de holandesas resolveu ir além e dormiu dentro da caverna. Uma delas acordou sentindo um bafo quente na cara. Era um jackal lambendo seu rosto. Conta ela que simplesmente empurrou-o para o lado, deu as costas e voltou a dormir. 'Stupid jackal', pensou. Gente destemida é outra coisa.












11.7.11

SKYDIVING EXPERIENSE














Almoçamos no backpacker e às 14h o instrutor veio nos buscar para o skydiving. Comecei a sentir um ligeiro frio na barriga, mas não era nada parecido com medo, era ansiedade e vontade de enfrentar o desafio, por incrível que pareça! Segui o conselho do Vini, que me dizia: 'don’t think about, just do it'.  O segredo é não ficar imaginando como será, é simplesmente não pensar, só ir. O local era descontraído, tinha cara de albergue. Lá recebemos as instruções e tomamos uma dose de tequila. Quando a van veio nos buscar para levar ao local da decolagem, estávamos eufóricos. O problema é que a espera foi me angustiando. Esperei praticamente a tarde toda pela minha vez. Fui a última a ser chamada e o sol já estava se pondo. Só depois eu entendi que na verdade isso foi um prêmio. Entramos, eu e a Yun (da Coreia do Sul), no aviãozinho, cada uma com seus instrutores e camera men próprios, que pulariam conosco para filmar nossos saltos. Além de nós, o piloto e não havia lugar para mais ninguém. Todos sentados no chão, encaixados como peças de lego para poder caber no aviãozinho. Então, finalmente, decolamos. Antes do salto ficamos cerca de 20 minutos ganhando altitude e fizemos um voo panorâmico da área. Quando um dos instrutores conferiu as condições numa espécie de relógio de pulso e fez um sinal, eu entendi que era a hora. Primeiro pulou a Yun e alguns segundos depois, pulei eu. A portinha do minúsculo avião se abriu, o camera man se posicionou e eu coloquei as pernas para o lado de fora. Dei um tchauzinho para a câmera e senti o impulso do instrutor, preso às minhas costas, me empurrar. Atirei-me em queda livre a 10 mil pés do chão. Os primeiros quatro segundos foram de medo, mas eles duraram tempo suficiente apenas para me lembrar que eu estava viva! É aquele frio na barriga que só quem se arrisca sente. E só quem sente sabe o quanto vale à pena! São sentimentos que a vida normal não nos possibilita. Nos próximos segundos, uma intensa sensação de liberdade interrompeu qualquer medo. Um vento muito forte na cara, o mundo lá embaixo e eu pensando: isso é que é viver! Quando o kite se abre, a gente sente um tranco puxando para trás e paira no ar, como fazem os pássaros quando parece que o vento os empurra. Nesse instante ouvi o silêncio muito alto e senti uma brisa quente bater no meu rosto. Uma deliciosa sensação de voar. É a palavra liberdade em sua plenitude. É sentir-se um anjo, vendo tudo lá do céu, ou um superherói. De um lado o deserto, de outro lado o mar e acima de tudo isso, eu, me sentindo literalmente 'por cima'. O entardecer me rendeu lindas fotos. A luminosidade do dia estava perfeitamente regulada para o meu momento. Começamos a perder altitude e eu pude manobrar o kite, fazendo ziguezague. Quando o instrutor retomou o comando, fez uns spinnings que me deixaram meio tonta. Àquela altura o mundo lá embaixo, que parecia uma maquete, foi  ficando mais nítido. Quanto mais descia, mais eu reconhecia as casas, os carros, e finalmente o campo onde pousaríamos. Poucos minutos antes de tocar o chão eu gargalhava! Quando pude ouvir a voz do Vito dizer, lá de baixo, 'come on Bella', senti que estava acabando... Quando os meus pés tocaram o chão, além de feliz, eu estava orgulhosa de mim. Meu coração sorria, minha alma era só felicidade! Foi praticamente uma experiência religiosa, que revelou a minha coragem, o meu potencial, a minha crença e todas as sensações que a vida pode me dar se eu estiver disposta a arriscar, sem medo de ser feliz.