Agosto chegou e dia 18 é meu trigésimo aniversário. Preciso confessar que depois dos 25 cada aniversário é um susto! Tudo bem, comemorar anos de vida (com saúde, felicidade e blá blá blá) é uma dádiva, o problema é que a gente sempre se sente com menos idade do que tem.
Certa vez, quando eu tinha 26, cheguei a esquecer a minha idade. Quando me perguntaram quantos anos eu tinha, um vácuo dominou a minha mente: “meu Deus, e agora, é 25 ou 26? Não acredito que esqueci aminha idade!” Na dúvida fui pelo menor: 25, respondi. Cheguei ao cúmulo de ter que conferir no RG. E o pior foi constatar que era 26 mesmo.
Freud deve ter uma explicação razoável para o fenômeno. E eu até arrisco palpitar: é possível que a mente tenha criado uma amnésia momentânea para me proteger da verdade, que àquela altura começava a preocupar. Quem duvida? Uma coisa é certa, depois dos vinte e poucos anos a vida parece passar tão depressa, que nem o relógio biológico acompanha. A vida profissional (que normalmente engrena depois dos 22) torna tudo uma grande rotina. Os afazeres diários deixam os dias quase sempre iguais, o que nos faz perder a noção do tempo que vai se passando.
Para piorar, a sociedade ocidental alia a idade à incapacidade e além de discriminar os mais velhos, vê a idade de forma negativa. A juventude só se dá conta do quanto a discriminação é injusta quando se vê vítima do tempo, e aí já é tarde demais. Na nossa sociedade não há um rito de passagem para a maturidade. Ela simplesmente acontece (ou não) de uma hora para a outra. Quando a gente se dá conta, eis que ela faz parte da vida. Um belo dia se olha no espelho e conclui: eu envelheci.
Mas completar aniversário pode ser muito bom se a gente souber desfrutar. Balzac, meu escritor preferido neste inferno astral, está dando uma grande força. Na obra “A Mulher de Trinta Anos” ele afirma que vivemos a melhor fase da vida, quando aliamos o vigor da juventude ao discernimento da maturidade. Podemos ser meninas ou mulheres, dependendo da conveniência. Balzac prolongou a “flor da idade” pontuando que dos 30 aos 40 a mulher vive a fase do amor, quando embarca nos relacionamentos com o romantismo da adolescência, mas sem todas as inseguranças que esta fase traria.
Tornamo-nos mais realistas. Os complexos não incomodam tanto, os problemas são menos trágicos (afinal, até aqui fomos aprendendo a lidar com eles), a experiência adquirida nos torna mais sábias, ponderadas, poderosas! A gente sabe muito bem o poder que tem - e inclusive o que não tem. Podemos nos permitir chorar abraçada no travesseiro porque ele não ligou no dia seguinte, gastar sem culpa 20% do salário num acessório que vai sair de moda no próximo verão, encher o carro de amigas e agitar um carnaval numa praia distante. Podemos, por outro lado, encarar um casamento ou uma produção independente sem precisar da aprovação de ninguém. Podemos largar tudo e partir de mochila pra Europa, podemos deixar a casa dos pais e ter o nosso cantinho. É o momento da libertação!
Certa vez, quando eu tinha 26, cheguei a esquecer a minha idade. Quando me perguntaram quantos anos eu tinha, um vácuo dominou a minha mente: “meu Deus, e agora, é 25 ou 26? Não acredito que esqueci aminha idade!” Na dúvida fui pelo menor: 25, respondi. Cheguei ao cúmulo de ter que conferir no RG. E o pior foi constatar que era 26 mesmo.
Freud deve ter uma explicação razoável para o fenômeno. E eu até arrisco palpitar: é possível que a mente tenha criado uma amnésia momentânea para me proteger da verdade, que àquela altura começava a preocupar. Quem duvida? Uma coisa é certa, depois dos vinte e poucos anos a vida parece passar tão depressa, que nem o relógio biológico acompanha. A vida profissional (que normalmente engrena depois dos 22) torna tudo uma grande rotina. Os afazeres diários deixam os dias quase sempre iguais, o que nos faz perder a noção do tempo que vai se passando.
Para piorar, a sociedade ocidental alia a idade à incapacidade e além de discriminar os mais velhos, vê a idade de forma negativa. A juventude só se dá conta do quanto a discriminação é injusta quando se vê vítima do tempo, e aí já é tarde demais. Na nossa sociedade não há um rito de passagem para a maturidade. Ela simplesmente acontece (ou não) de uma hora para a outra. Quando a gente se dá conta, eis que ela faz parte da vida. Um belo dia se olha no espelho e conclui: eu envelheci.
Mas completar aniversário pode ser muito bom se a gente souber desfrutar. Balzac, meu escritor preferido neste inferno astral, está dando uma grande força. Na obra “A Mulher de Trinta Anos” ele afirma que vivemos a melhor fase da vida, quando aliamos o vigor da juventude ao discernimento da maturidade. Podemos ser meninas ou mulheres, dependendo da conveniência. Balzac prolongou a “flor da idade” pontuando que dos 30 aos 40 a mulher vive a fase do amor, quando embarca nos relacionamentos com o romantismo da adolescência, mas sem todas as inseguranças que esta fase traria.
Tornamo-nos mais realistas. Os complexos não incomodam tanto, os problemas são menos trágicos (afinal, até aqui fomos aprendendo a lidar com eles), a experiência adquirida nos torna mais sábias, ponderadas, poderosas! A gente sabe muito bem o poder que tem - e inclusive o que não tem. Podemos nos permitir chorar abraçada no travesseiro porque ele não ligou no dia seguinte, gastar sem culpa 20% do salário num acessório que vai sair de moda no próximo verão, encher o carro de amigas e agitar um carnaval numa praia distante. Podemos, por outro lado, encarar um casamento ou uma produção independente sem precisar da aprovação de ninguém. Podemos largar tudo e partir de mochila pra Europa, podemos deixar a casa dos pais e ter o nosso cantinho. É o momento da libertação!
Certas coisas ficam meio ridículas se vividas aos 40 e outras não fazem sentido se vividas aos 20, mas certamente muitas delas ganham significado com os 30 anos.